O suporte a empresas em momentos de instabilidade compõe o motor da Porsche Consulting, criada em 1994, após a montadora alemã passar por processo de reestruturação, forçado por grave crise interna. O primeiro escritório da empresa fora da Europa abriu as portas em 2010, em São Paulo, e presta serviços a companhias de diferentes áreas – inclusive a concorrentes da fabricante de automóveis esportivos.
Em visita a Porto Alegre, onde participou de evento da Câmara Brasil-Alemanha nesta quinta-feira, o diretor-geral alemão da consultoria no Brasil, Rüdiger Leutz, falou à coluna sobre os desafios das indústrias em tempos de recessão. Disse que o momento é de "apagar o fogo", mas demonstrou preocupação com o planejamento – ou a falta dele – nas empresas.
Recessão e mudanças
"A Porsche passou por uma crise existencial na década de 1990. Acreditamos que um período assim é uma chance para as empresas começarem a mudar. Apontamos onde está o desperdício nas companhias, tanto operacional quanto empresarial. Hoje somos 21 consultores no escritório de São Paulo e atendemos a mais de cem clientes no Brasil. Também utilizamos nossa estrutura para trabalhar com empresas de países como o Chile."
Leia mais
Especialistas avaliam prioridades da reforma trabalhista da gestão Temer
Mercedes-Benz pisa no freio: "Nível de produção está baixo", diz CEO
Pedido de recuperação da Comil é mais um da série no segmento
Crises cíclicas e jeitinho
"O setor automobilístico brasileiro está precisando muito de auxílio, porque tem que reduzir estruturas. Este é o momento para as empresas se prepararem e saírem mais fortes. O mercado brasileiro é muito volátil, e conhecíamos o cenário antes da vinda ao país. A diferença daqui para Alemanha e Japão, por exemplo, é que lá planejam muito bem os negócios. O Brasil é um país criativo, gosta de colocar a mão na massa, mas existe a cultura de resolver as questões depois, de dar um jeitinho. O melhor a fazer é montar um bom planejamento logo."
Resistência e dificuldades
"Ainda é difícil trabalhar com as empresas a ideia de olhar para o futuro. Há muita resistência para essa mudança, que é algo difícil. Existe muito medo. Por enquanto, estão apagando o fogo, o que é necessário, mas também têm que olhar para o futuro. Estamos chegando perto do momento em que haverá a mudança, mas as companhias estão agora no modo de sobrevivência."