Depois do Badesul ter a credencial de agente financeiro suspensa pelo BNDES na semana passada, outras agências de fomento pelo país estão na mira do banco federal. Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro estariam à frente na lista. As duas primeiras, apesar de movimentar um volume pequeno de recursos, têm boa parte dos empréstimos avaliada como "ruim". Na classificação adotada pelo sistema bancário, a carteira de crédito das instituições é distribuída em níveis de risco que vão de A (baixíssimo) até H (muito alto). No caso dessas agências, boa parte dos recursos emprestados está qualificada entre as letras D-H: no Mato Grosso, chega a 18,31%, e no Rio Grande do Norte, a 21,7%. O percentual acendeu o sinal de alerta para o risco de calote generalizado. No Rio Grande do Sul, esse patamar é de 10,62%
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Na agência de fomento do Rio de Janeiro, o "problema" seria outro. A soma de um alto volume de operações de crédito junto ao BNDES (R$ 1,7 bilhão, conforme divulgado no mais recente balanço) e de um curto "colchão de segurança" para uso em caso de necessidade imediata (R$ 264,2 milhões) estaria preocupando técnicos do banco federal. Segundo um funcionário, que atua no Rio de Janeiro, o BNDES estaria "revendo" o papel das agências em diversos Estados.
– Se for encontrada uma saída para o Badesul, será uma solução política e não técnica. Do ponto de vista quantitativo, a agência de fomento gaúcha não alcança hoje nenhum dos critérios de avaliação do banco. Se voltar a operar, certamente será com baixíssimo limite operacional de crédito – afirma, referindo-se ao encontro entre o secretário do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Fábio Branco, e da presidente do Badesul, Susana Kakuta, com o diretor da área de crédito do BNDES, Cláudio Coutinho, na próxima semana.
A expectativa do técnico é de que a agência gaúcha tenho um resultado ainda bastante ruim nos próximos dois semestres devido ao avanço dos pedidos de recuperação judicial em todo o país:
– É provável que parte dos valores emprestados a essas empresas não tenha sido provisionada nos balanços anteriores e apareça como prejuízo no resultado de dezembro.