Com 25 clientes em recuperação judicial, o Badesul pode sofrer um calote estrondoso. Da carteira de crédito do banco de aproximadamente R$ 3 billhões, mais de 10% (R$ 355 milhões) foram direcionados a empresas que hoje estão com sérias dificuldades financeiras.
Quatro desses empréstimos foram concedidos ainda no governo Yeda Crusius. Os outros 21 ocorreram entre 2011 e 2014, durante o período de Tarso Genro no Piratini, quando Marcelo Lopes ocupava a presidência da instituição. Essas duas dezenas de empréstimos chegam a R$ 294 milhões em valores atualizados. Cinco empresas sozinhas concentram R$ 215 milhões dos recursos emprestados: WinPower, Iesa Óleo e Gás, Intecnial, Guerra Suplementos Rodoviários e Grupo Conpasul.
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O "colchão de segurança" do banco, a quantia que pode ser utilizada quase que imediatamente pela instituição em caso de necessidade, é de R$ 600 milhões.
– O crédito foi concedido para empresas sérias, conhecidas no Estado. O número alto de recuperações judiciais se deve à grave recessão na economia brasileira, que levou muitas à falência, e não a uma má avaliação de crédito. Ninguém poderia imaginar uma crise desse tamanho – afirma Lopes, que acredita que o BNDES "pegou pesado" com o Badesul ao rebaixar a nota da instituição para zero e retirar a credencial de agente financeiro do banco.
Na quarta-feira da semana que vem, dia 28, o secretário do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Fábio Branco, acompanhado da atual presidente do Badesul, Susana Kakuta, viaja para o Rio de Janeiro para tentar reverter a situação. O objetivo é apresentar um conjunto de medidas já implementadas para recuperação de ativos.
Na situação em que está, vai ser difícil explicar por que o banco, que teve prejuízo de R$ 21 milhões no semestre passado, tem cinco das seis diretorias ocupadas por políticos. Pery Coelho, Kalil Sehbe, Paulo Odone, Mano Changes e Jeanette Lontra, afilhada política de Ibsen Pinheiro, ocupam assento no conselho diretor. Cada um recebe salário bruto de R$ 20 mil.