O Badesul deverá apresentar nos próximos dias um plano para recuperar a condição de agente do BNDES. A direção da instituição foi surpreendida na última quarta-feira com a informação de que o banco federal havia rebaixado a zero o rating do Badesul, o que, na prática, equivale ao descredenciamento. Mais de 95% dos recursos disponibilizados pelo Badesul vêm diretamente do BNDES.
O secretário do Desenvolvimento, Fábio Branco, pediu socorro ao chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que, imediatamente, entrou em contato com a presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos, pedindo atenção à demanda do Rio Grande do Sul.
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Na avaliação anual que faz dos seus agentes, o BNDES já havia disparado um alerta no ano passado, ao atribuir uma nota 2,2. Para efeito de comparação, quando a atual presidente Susana Kakuta deixou o cargo na outra vez em que esteve no comando, em 2009, o rating era 6,7.
O BNDES justificou a nota zero com os seguintes argumentos:
1. Nos últimos cinco semestres, o Badesul teve prejuízo financeiro em três.
2. Concentração de operações.
3. Deterioração na qualidade da carteira (a gestão passada quase duplicou as operações, mas concentrou em grandes clientes, e alguns deles quebraram. É o caso de Iesa e WinPower Energy).
4. Vinte e cinco clientes estão em recuperação judicial, como a Intecnial.
5. Controlador (governo do Estado) sem capacidade de capitalização.
Susana lembra que a história das duas instituições é antiga, desde 1975, e que o Badesul sempre esteve adimplente com o BNDES, técnica e financeiramente. Ressalta ainda que o banco gaúcho tem um colchão de R$ 600 milhões em ativos:
– Estamos fazendo um trabalho técnico para mostrar ao BNDES que as medidas necessárias foram tomadas.
Plano de contingência
Presidente do Badesul, Susana Kakuta diz que a avaliação do BNDES foi feita em cima de um balanço reconhecidamente ruim, mas diz ter tomado uma série de medidas para recuperar a instituição. A partir de uma auditoria do TCE e do Banco Central, entrou em um plano de contingência que adotou as seguintes medidas:
1. Redução substancial das despesas. Com um PDV, a folha baixou 30%.
2. Remontagem da área de acompanhamento e renegociação de débitos.
3. Reestruturação da gestão interna.
4. Limitação do teto de empréstimos a R$ 5 milhões para desconcentrar operações.
5. Redução de despesas de custeio.
Sem credenciamento, o impacto no Badesul será forte: atualmente o banco conta com R$ 250 mihões em análise na carteira e outros R$ 200 milhões em renegociação.