Mal havia amanhecido a sexta-feira seguinte ao brutal assassinato de Cristine Fagundes, em frente à filha, quando começou uma intensa troca de informações entre dirigentes empresariais do Estado, especialmente os que têm entidades com foco na Capital. Na metade da tarde, estava formada a estratégia da mobilização: um encontro na segunda-feira dará partida a uma campanha que vai unir cobrança e contribuição, capitaneada, até agora, por Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-PoA), Porto Alegre Convention & Visitors Bureau, Sindicato Óptico, Sindha e Sindilojas.
Há um ano, no bojo da campanha Reage RS, que tinha foco no enfrentamento da crise econômica, mas já inquieta com a questão da violência, algumas dessas entidades haviam entregue ao governo do Estado um plano de segurança, no qual haviam investido recursos na consultoria de especialistas. Há consenso de que a tolerância acabou, porque o nível de criminalidade passou de qualquer ponto suportável.
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Além dos traumas pessoais, familiares e nas equipes de colaboradores com assaltos violentos, o diagnóstico das entidades empresarias é de que o grau de insegurança passou a realimentar a crise. Paulo Afonso Pereira, presidente da ACPA, pondera que os restaurantes ficam vazios após as 22h, com menor faturamento e menor arrecadação. Alcides Debus, da CDL-PoA, que desde janeiro estuda o tema em um comitê de segurança, lista providências como redução da densidade prisional, construção de novos presídios, maior inclusão social da população das periferias e uma legislação mais eficiente contra o crime. Paulo Kruse, do Sindilojas, ressalta que a cidade voltou a ficar vazia, claro sinal de medo.
– Não podemos mais tratar esses casos com normalidade. Agora é hora de esquecer operação tapa-buracos, esquecer tudo. O mais importante é ficarmos vivos – resume Pereira.
Todos aprovam a Força Nacional de Segurança, mas a maioria pondera que não é uma solução, é um paliativo. Mudanças na legislação e na prioridade ao assunto são os pontos mais cobrados.
Os otimistas preveem que os soldados intimidarão os criminosos. Os mais cautelosos ponderam que o número ainda é baixo para a necessidade do momento, sem contar o fato de que não podem ficar no Estado indefinidamente.