Desde 1989, a psicóloga Magda Geyer Ehlers trabalha como consultora de famílias empreendedoras. Fundadora do Instituto Sucessor, em Porto Alegre, aponta caminhos adequados para a sucessão em empresas familiares. À coluna, Magda avaliou as mudanças em tempos de crise econômica. Sublinha que hoje os herdeiros não têm mais a “imposição” de substituir familiares no comando.
O começo
''Fui a primeira do sul do país a atuar na área. Começamos a ter notícias do Exterior, de gente trabalhando com isso, desde 2001. Sou psicóloga e vinha fazendo carreira como executiva. A família proprietária da empresa pediu ajuda para incluir os filhos e, como era funcionária, vi um conflito ético. Propus sair, e a empresa virou minha cliente. Foi um caso bem-sucedido. Aí começaram outras solicitações, porque o tema era novo.''
A mudança
''A sucessão familiar não é mais uma imposição. A maior parte da nova geração não tem mais a necessidade de fazer carreira nas empresas familiares. Fica satisfeita com o patrimônio que vai herdar. Há um certo desinteresse. Hoje é possível que os herdeiros acompanhem a empresa estando em um conselho, por exemplo, e tenham uma atividade profissional paralela. Eles se preparam para ser bons sócios, bons investidores. O conceito de sucessão mudou.''
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A crise
''O instituto é multidisciplinar, com advogados, economistas. Também temos parceiros que nos ajudam nas soluções, como, por exemplo, psiquiatras e terapeutas de casal, já que existem questões de ordem pessoal. Em momentos de crise, as empresas precisam de alguém com agenda mais livre para pensar soluções. Neste momento de crise, o assunto passou a ser prioridade porque não há mais tempo para adiar soluções. Agora é o momento de a empresa resolver os seus problemas. Os três passos básicos são: definir quem lidera o processo. Depois, promover o diálogo. E o terceiro passo é entender os números da empresa. O mais importante é não se vitimizar e pensar que sua situação é a pior. Sempre há uma forma de encontrar a solução.''