Opção para muitos dos desempregados pela crise, a abertura de empresas no Estado no primeiro semestre supera em 8% o número de igual período do ano anterior, muito influenciada pelos três primeiros meses (gráfico acima). Com o espaço para novos negócios ficando mais estreito, todo cuidado é pouco ao planejar esse movimento. Por isso, a coluna foi colher dicas – não as de manual, mas as da vida real, com Priscila Tessaro, paulista radicada em Porto Alegre, ela mesma uma empreendedora e conselheira para momentos difíceis.
Fazer o que não se ama
''Criou-se uma onda, especialmente na internet, com frases motivadores como 'faça o que você ama'. Não tem frase que me irrite mais. Faço um monte de coisa de que não gosto para que meu negócio seja viável. É preciso saber que, ao empreender, também tem perrengue, se bobear oito horas por dia. Tem dia que tem de virar a noite para entregar produtos para cliente. O maior erro é achar que o empreendedorismo é cor de rosa. É muito recompensador, mas exige esforço.''
Hobby não é negócio
''O que a pessoa sabe ou ama fazer não necessariamente vai se tornar um negócio que vai dar dinheiro. O primeiro passo, para poder se estruturar, é se perguntar 'o que eu sei e gosto de fazer, o mercado precisa disso, tem gente que vai pagar, tenho um diferencial?' É preciso lembras que tem muita gente fazendo muitas coisas. Para ter um público, é preciso um detalhe que vai ser seu diferencial.''
Achar a sua voz
''Chega muita gente dizendo que não vende, perdeu clientes, o faturamento caiu. São coisas que, se o país estivesse em fase legal, também poderiam ocorrer, mas neste período ficam maiores. É preciso parar e olhar sem envolvimento emocional. É difícil, o empreendedor depositou seus sonhos, seu dinheiro. Sempre digo que é preciso achar a sua voz, com base em sua história, que é única. Por exemplo, se um salão tem boa renda com corte, escova e manicure, mas oferece ainda depilação e massagem, foca. Às vezes, a gente quer o abraçar o mundo e não precisa ser assim.''