No dia seguinte à apresentação do pedido de recuperação judicial da Oi, com dívidas de R$ 65 bilhões, um velho conhecido da empresa, Luiz Carlos Mendonça de Barros, esteve em Porto Alegre. A coluna foi perguntar ao ex-presidente do BNDES, flagrado em grampos chamando o grupo de investidores de ''telegangue'', se os problemas da empresa tinham origem em sua formação.
– Pau que nasce torto, morre torto – disse Mendonça, famoso por não ter papas na língua.
Segundo Mendonça, o surgimento da Telemar ''foi um processo anormal, porque era uma das empresas da Telebras mais complexas pela extensão da área''. Garante que foi por isso que o BNDES, na época, tentou levar aos consórcios operadoras de telefonia com experiência, mas como era uma área grande e diversa, não havia muito interesse.
Lembrando que o grupo original de investidores ''não tinha experiência no setor''.
– O único cuidado que tomamos foi o de colocar o BNDES no consórcio com o objetivo de buscar uma operadora, depois do leilão, para dar uma consistência comercial para o grupo. A partir daí, não acompanhei mais. Mas parece que essa falta de um operador, uma das causas para a crise atual. O que se fala hoje é que o grande erro da Oi foi ter focado demais no fixo. Aí vale o ditado ''pau que nasce torto, morre torto''.
O egípcio Naguib Sawiris, dono da Orascom Telecom, fez barulho ontem ao anunciar interesse na compra da Oi. Traria a experiência de operador, mas suas condições são difíceis de atender: antes de comprar, quer dívida reestruturada e empresa capitalizada. Mas é ainda é uma das poucas esperanças de manutenção dos serviços da concessionária.