Demorou, mas a reação das exportações permitida pela desvalorização do real frente ao dólar finalmente começa a dar resultado. Em maio, as vendas externas do Rio Grande do Sul somaram US$ 1,78 bilhão, aumento de 12,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Boa parte desse resultado se deveu ao crescimento da demanda de China e Paquistão por soja. O principal grão da agricultura gaúcha respondeu, sozinho, por 39,1% do total vendido, o equivalente a US$ 695 milhões.
Vem da recuperação das exportações uma das grandes expectativas de recuperação da economia em tempos de crise. Com o mercado doméstico ainda deprimido, em decorrência do aumento do desemprego e da perda de renda das famílias, a venda para o Exterior permite manter a produção – em alguns casos, até elevar –, protegendo postos de trabalho e reanimando planos de investimentos nas empresas. O processo de retomada do mercado externo é lento e complicado, até em decorrência da grandes oscilação da cotação do dólar em reais nos últimos meses.
– A desvalorização cambial, ainda que benéfica, está ajudando apenas a evitar perdas ainda maiores para o setor industrial – afirmou, em nota o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor José Müller.
Embora também tenha havido crescimento nas vendas de manufaturados, Müller atribui a expansão bem mais moderada, de 2,5%, à base de comparação deprimida. No caso das vendas da indústria, a soma foi US$ 1,04 bilhão em maio. O presidente da Fiergs explicou que, em maio de 2015, os embarques haviam sido os mais baixos para o mês desde 2009. O resultado do setor no Estado foi pior em relação à média nacional, que teve elevação de 11,5%.
Das 23 categorias que registraram operação de exportação no mês, 11 caíram, sete cresceram e cinco ficaram estáveis. Tabaco exerceu a principal influência negativa (-30,2%), seguido por produtos químicos (-11,5%). Por sua vez, as principais contribuições positivas vieram de celulose e papel (450%), máquinas e equipamentos (29,3%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (26,5%).
Enquanto as exportações aumentam, as importações totais seguem em queda acentuada, que chega a 21,7% em maio. O valor do mês passado, de US$ 625 milhões, é o mais baixo desde 2004 para o período. A única exceção que mostrou avanço é o do segmento de bens de consumo, que ainda subiu vigorosos 18,8%. Os segmentos mais ligados à indústria – bens de capital e intermediários – tiveram quedas acentuadas: 40,8% e 23%, respectivamente. Esse dado mostra que planos de investimento em expansão ou modernização da produção não passam pelo mercado externo.