Futuro presidente do Banco Central (BC) – a indicação ainda tem de passar por uma sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado – Ilan Goldfajn foi um dos primeiros economistas com alta visibilidade no mercado a prever uma redução no juro básico para o segundo semestre. Sua confirmação no cargo, assim, acende expectativas de que cumpra sua própria projeção. Ex-colegas de diretoria do BC e outros executivos financeiros advertem que não se deve esperar um comportamento dovish (favorável ao juro baixo) a qualquer preço. Ao contrário.
Considerado um economista de perfil moderado, Ilan afirmou que haveria possibilidade de redução de juro caso a inflação seguisse a trajetória de desaceleração. Para um país na iminência de repetir queda de 3,8% na atividade econômica, seria uma bênção. Mas só será confirmada se a condição essencial for atendida.
Para explicar o motivo pelo qual, mesmo com a inflação ainda acima do teto da meta para este ano, ainda haveria possibilidade de corte, os especialistas em política monetária costumam lembrar que a calibragem do juro costuma levar entre seis e nove meses para provocar efeitos na economia. Então, o que estará na mira de Ilan e sua diretoria no BC será a inflação de 2017, hoje em 5,5% – dentro do intervalo de tolerância.
Ao anunciar que toda a direção do BC terá prerrogativa de foro definida em proposta de emenda constitucional (PEC) – a perda do status expunha a decisões de primeiro grau –, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles avisou que sua ambição para a instituição é “autonomia técnica”. Não será a independência com mandato definido, como nos Estados Unidos, mas será consagrada na legislação a soberania do BC, que Meirelles teve de fato, mas não de direito.