Primeiro, foi o sinal do Itaú Unibanco, que projetou corte de dois pontos percentuais no juro básico ainda este ano, de 14,25% para 12,25%. Nesta segunda-feira, foi dia de a perspectiva de baixa – desestimulada pelo Banco Central na semana passada – chegar à média do mercado. Pela primeira vez, apareceu no boletim Focus – Relatório de Mercado do Banco Central a hipótese de redução na taxa Selic, em linha com a quarta queda consecutiva na projeção de inflação.
Mesmo depois de quatro reduções, a estimativa média da inflação para este ano ainda está acima do teto da meta, em 7,28%, muito acima da projeção do Itaú e do BC. É um sinal de alívio? Frente ao resultado acima de 10% de 2015, pode ser. Mas a alta de preços desinfla de forma lenta, gradual e não muito firme.
Passado o efeito da correção dos preços administrados – energia e combustíveis – e dos tarifaços federais e estaduais, a tendência é mesmo de que o dragão se acalme. Como os brasileiros sabem, esse processo costuma ser mais lento do que o inverso. É mais fácil e rápido atiçar o movimento do que domá-lo.
E mesmo com as boas perspectivas, um ruído pode voltar a despertar o monstro do preço alto: a volta do aumento do dólar. Ontem, a cotação da moeda americana deu sinal de nervosismo, em contraste com o mês de março, em que acumulou queda de 10%. A esperança de alívio nas contas e de uma redução do juro básico são os melhores efeitos de um sossega-dragão. Mas ainda é um efeito que precisa ser confirmado.