O fechamento de ontem da bolsa de valores frustrou a previsão de muitos analistas que previam disparada em caso de aprovação da abertura do processo de impeachment na Câmara dos Deputados – que se confirmou. Mesmo assim, a ligeira queda de 0,63% não mudou o fato de que a evolução do processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff teve forte influência positiva sobre o mercado financeiro brasileiro desde o início do ano.
Nos últimos meses, o gráfico da bolsa apontou para cima, refletindo mais o aumento da probabilidade de uma troca no Planalto do que fundamentos econômicos. Desde janeiro, o Ibovespa se valorizou 22%, enquanto as projeções para o Produto Interno Bruno (PIB) só afundam – a mais recente, publicada no Boletim Focus de ontem, aponta queda de 3,8%. A escalada é semelhante a observada no mercado em meados de 2014, em meio à campanha.
Ontem, o fracasso das negociações para segurar o preço do petróleo no mercado internacional fez bolsas internacionais caírem e levou junto parte do ânimo, mas essa não é a única explicação. Os investidores também quiseram colocar no bolso os ganhos acumulados no chamado ''rali do impeachment''. No câmbio, o Banco Central (BC) voltou a intervir pesado, como vem fazendo há mais de uma semana, sob o argumento de segurar a cotação para não atrapalhar negócios de exportadores que começam a decolar. Mas a disposição do BC é tamanha que já começa a despertar rumores de outros interesses na ancoragem do dólar.