Melhor do que contar é mostrar. Abaixo, o desenho da movimentação da bolsa ontem, com destaque para o momento em que começou a circular a informação de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitaria o ministério – ainda não se sabe em que pasta – de Dilma Rousseff. Em 15 minutos, o Ibovespa perdeu mil pontos.
Até então, o que vinha chamando atenção era a reação “tímida” do mercado, na descrição de um operador, diante da ainda maior fragilização do governo Dilma diante do tamanho das manifestações de rua de domingo. Paulo Figueiredo, diretor de operações da FN Capital, ajuda a interpretar:
– O aumento da participação já era esperado, e como não houve fato novo interno, o mercado respondeu mais ao cenário externo. Como caiu a cotação do petróleo, a cautela predominou.
Figueiredo pondera que parte da falta de entusiasmo na bolsa se deve à intenção de fechar negócios e fazer o que os operadores chamam de “realização de lucros”, ou seja, vender os papéis que se valorizaram na semana passada e embolsar os ganhos.
Mas o movimento que marcou o dia foi mesmo o deflagrado a partir das 16h15min, quando um conjunto de informações oficiais e de bastidores começou a dar contornos factíveis à hipótese de Lula se tornar ministro de Dilma. A cotação do dólar, que também se manteve durante boa parte do dia acima do fechamento de sexta-feira, quando havia encerrado abaixo de R$ 3,60, reforçou a leitura negativa do mercado e terminou a segunda-feira em R$ 3,62.
Para o mercado, explica Figueiredo, o movimento é lido tanto como um eventual fortalecimento do governo Dilma quanto como uma estratégia capaz de, ao menos, adiar a votação do impeachment. O governo, por sua vez, afia os argumentos para justificar o que é polêmico até para aliados: precisa de um articulador político experiente neste momento crítico.