Mais do que o pôr de sol da tarde desta quinta, uma esperança brilhou com a reportagem do colega Carlos Rollsing, que trouxe da prefeitura a informação de que haverá, sim, uma "operação limpeza" nos postes da cidade. O emaranhado que cobre as ruas de Porto Alegre é, mais do que feio e constrangedor, perigoso.
Ótimo, uma lição aprendida. Mas há várias outras que a atual administração e as próximas precisam adotar. Uma é não deixar árvores e gallhos cortados dias a fio sobre as calçadas. Ontem, foi o que potencializou uma chuva que, sozinha, já faria estragos, mas teve seu efeito piorado por conta do descaso.
Em dezembro de 2004, há mais de 11 anos, o meteorologista Paulo Nobre advertia, em reportagem publicada em Zero Hora, que o Rio Grande do Sul poderia ser mais afetado por fenômenos climáticos difíceis de prever porque as áreas próximas do polos tinha tendência de sofrer esses efeitos com maior intensidade. E que quem depende do clima para os negócios precisava, com urgência, aumentar a atenção para esse tipo de emergência.
A supertempestade que atingiu Porto Alegre na sexta-feira passada – e teve ontem uma espécie de réplica com menor força – ocorreu dois dias depois de um lançamento quase invisível, o da entrada da Capital na rede Cidades Resilientes. A intenção é exatamente tornar a a estrutura e as pessoas mais preparadas para enfrentar intempéries. Mas é preciso passar das boas intenções à prática com a mesma velocidade do vento que devastou parte da área urbana. Não é projeto para ficar na prateleira. Nem nas mãos dos administradores.
Como mostraram reportagens de Zero Hora, muitos cidadãos estão dispostos a colocar mãos à obra para ajudar a restaurar a normalidade diante de estragos graves. Em vez de recomendar inação, não é melhor treinar e preparar a população, como faz o Japão para seus constantes terremotos? Serão mais braços disponíveis.