Enquanto a China faz uma aterrissagem suave em sua economia, emerge um novo mercado aspirante a motor global. Segundo país mais populoso do mundo, a Índia confirmou nesta segunda-feira ter crescido 7,3% no quarto trimestre do ano passado e foi ainda um dos destaques dos indicadores de atividade divulgados também nesta segunda pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O organismo aponta que a Índia é um dos poucos países – ao lado da França – onde se observa aceleração da economia. Depois de crescer 7,2% em 2014, o avanço ano passado é calculado em 7,6%. Para a OCDE, há perda de fôlego nos EUA, Reino Unido, Canadá e Japão, enquanto haveria sinais de estabilização para os próximos meses tanto na China quanto no Brasil.
O desempenho indiano, aliás, já vem chamando a atenção há algum tempo. Relatório do banco Merrill Lynch sobre a situação dos integrantes dos Brics, divulgado em setembro do ano passado, indicava que a Índia deve ultrapassar o Brasil como segunda maior economia do grupo em 2015, depois de desbancar a Rússia em 2014.
No ranking mundial, a tendência seria ainda deixar para trás britânicos e franceses até 2019, impulsionada pela redução da burocracia e melhora no ambiente de negócios no país. A condição de ser um importador de petróleo, hoje um insumo barato em termos de cotações históricas, é outro fator que contribui para o desenvolvimento do país asiático.
Também em setembro do ano passado, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse em entrevista a Zero Hora que apenas acreditaria em um novo ciclo de alta das commodities em um curto prazo caso a Índia apresentasse um crescimento tão vertiginoso quanto o da China na última década. É esperar para ver.
O Brasil, por enquanto, parece pouco aproveitar o avanço indiano, país com 1,2 bilhão de habitantes que tem um imenso desafio de inclusão econômica e social de sua população. A Índia é apenas o oitavo principal mercado das exportações brasileiras e os US$ 3,6 bilhões vendidos para lá ano passado representaram queda de 25% sobre 2015. No caso do Rio Grande do Sul, que vende essencialmente óleo de soja para a Índia, é apenas 27º destino. Mas ainda há tempo de descobrir o caminho das Índias.