Na época em que foram feitas as primeiras projeções de que o valor do barril de petróleo poderia cair para a faixa de US$ 20, o mercado reagiu com o mesmo ceticismo reservado, poucos anos antes, à estimativa de que poderia alcançar US$ 500. Mas nesta segunda-feira o Morgan Stanley chancelou a expectativa: no dia em que a cotação do Brent fechou em US$ 31, projetou que a desvalorização da moeda chinesa frente ao dólar pode, sim, levar o preço à faixa entre US$ 20 e US$ 25.
Parece quase um choque do petróleo ao contrário: os dois episódios unânimes, em 1973 e 1979, foram provocados por altas abruptas e rápidas. Embora a queda não tenha sido repentina, a volta do preço do barril para o patamar abaixo de US$ 30, em termos nominais, seria inédita no século 21.
Isso sem contar a atualização dos valores, o que significa que o barril está mais barato hoje, feita a correção do valor em dólares, do que em boa parte da década de 1990.
Petróleo caro só é bom para petroleiras, mas quando se torna excessivamente barato é sinal de que algo não vai bem na economia planetária. Se a desaceleração da China pode desestabilizar esse mercado, é só a gota de óleo final em um cenário que já vinha conturbado por guerra de mercado, mudança climática e os interesses geopolíticos que sempre determinaram as cotações.
O problema da China vai além do desempenho errático de suas bolsas de valores. E o país que segurou a economia global quando suas locomotivas tradicionais – Estados Unidos e Europa – emperraram dá sinais de falta de fôlego quando ainda não há segurança sobre o grau de recuperação dos líderes tradicionais. No Brasil que já se preparava para um 2016 complicado por fatores internos, é um ingrediente adicional de cautela. Não precisava, certo?