Não há consenso pelo impeachment no meio empresarial do Estado, pelos mais variados motivos: cautela, desconfiança e cálculo. Apoiar publicamente a retirada de um governo que pode se manter é um risco, Michel Temer, especialmente depois da carta em que se descreve #xatiado, não convence a todos como opção, e há temor sobre o PT na oposição.
Mesmo entre tantas visões, Walter Lídio Nunes, presidente da Celulose Riograndense, ainda surpreende interlocutores ao confirmar que avalia o impeachment como "a pior coisa" que poderia ocorrer no Brasil. Explica: mudar o governo, agora, seria "fazer maquiagem". Daria a impressão de que os problemas do país estão resolvidos, quando a solução ainda está distante.
E ainda poderia adiar ainda mais as soluções estruturais de que o país precisa com urgência.
Nunes é da turma que quer "aproveitar a crise", ou seja, construir sobre o esgotamento deste modelo outra base para relacionamento entre poder público e sociedade. Começar a tentar resolver problemas pela busca do culpado, pondera o executivo, é o melhor caminho para não encontrar a solução.
– O impeachment é uma reação emocional. Podemos trocar de nome, mas a conjuntura será a mesma. Esse modelo que combina patriarcalismo, clientelismo e populismo tem de ser reformado.
É claro que existe um bloco de empresários que está ativamente envolvido com a viabilidade do impeachment. Para esses, a presidente Dilma Rousseff se transformou em um símbolo associado a erros, fracasso e má-fé, para dizer o mínimo. E sua simples remoção representaria um alívio na desconfiança que tomou conta do consumo e dos negócios.