Como várias indústrias gaúchas, a Intecnial, de Erechim, embarcou nos polos navais e teve pedidos encalhados. O offshore entrou em vazante com a Lava-Jato, mas a empresa detectou outra corrente: embarcações para navegação interior. Depois de entregar na terça-feira duas encomendas da Navegação Guarita, começa em janeiro a trabalhar em quatro rebocadores para a cerealista Dreyfus.
Âncora lançada
Jandir Cantele, acionista da Intecnial, confirma a intenção de transformar a atividade que toca de forma provisória, em Triunfo e Taquari, em um estaleiro definitivo. Ainda tem duas áreas em avaliação, mas deve ser perto de Porto Alegre e de um rio.
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Montagem de lego
Até há pouco tempo, as embarcações eram fabricadas na metalúrgica, em Erechim, no Planalto, e transportadas em partes até um rio.
- Ousamos fazer navios de forma diferente, montamos legos - diz Cantele.
As encomendas
O transporte por hidrovia só está mais atrasado no Brasil do que a ferrovia, observa Cantele, que no entanto vê algum sinal de redescoberta desse tipo de transporte. As embaracações da Dreyfus, por exemplo, vão atuar na Bacia Amazônica.
- Desafiamos a lógica logística ao fazer no Sul um projeto destinado no Norte - brinca o empresário.
O investimento
Planejado há muitos anos, o projeto do estaleiro deve sair do papel em 2016, prevê Cantele. O valor final depende da área escolhida, mas está na casa das dezenas de milhões. O empresário só espera que nada mais atrapalhe.
- A Petrobras parou, para nós e para todos os colegas empresários. É preciso mais responsabilidade e mais respeito, o Brasil não pode parar. Essa instabilidade bloqueia a esperança e nosso sonho de investir e crescer. Precisamos que nos mostrem o quanto podemos ousar - desabafa Cantele.