Novo Zaffari no bairro Rio Branco, que abriu as portas no final de outubro
Após um período sem inaugurações de novas lojas, o Zaffari voltou a atrair os holofotes mês passado, com a abertura da unidade na rua Cabral, no bairro Rio Branco. Em um ano complicado para a economia, a inauguração é a primeira de uma série que deve ir até a primeira metade de 2016.
A coluna conversou com o diretor de expansão do Grupo Zaffari, Claudio Zaffari, que avaliou o momento da rede e comentou sobre os planos para abertura das próximas lojas.
Depois de mais de três anos anos sem novas lojas, o Zaffari concentra lançamentos nos próximos meses. É apenas uma coincidência ou o grupo voltou a investir?
Nossos projetos são muito complexos, não são de fácil aprovação, e muitas vezes também dependem de parceiros, que estão utilizando espaços ou competências no empreendimento. O mais recente, o da Cabral, tem participação, desde seu nascimento, de uma incorporadora, a Melnick Even. Aprovar isso nos órgãos públicos às vezes não é muito fácil, especialmente quando são projetos um pouco mais complexos. Quando vai misturar atividades, os direitos e deveres se multiplicam. Então o cuidado, o esmero para fazer isso corretamente é o nosso norte, e às vezes demora. A aquisição do terreno na Cabral foi em 2008. Imagina que estamos, sete anos depois, concluindo o processo (risos). Não quer dizer que seja culpa da prefeitura, tem o tempo da obra também, de pouco mais de dois anos e meio. E ainda não está todo concluído, a torre residencial só será terminada em agosto de 2016. Está montada, mas não está terminada. Há um grau de complexidade normal para esse tipo de atividade. Mas tudo normal, sem nenhuma dor de barriga.
É fato que vocês tinham um pedaço do terreno, a Melnick tinha outro, e a solução foi fazer um projeto combinado?
Esse terreno é raro, de tamanho maior em áreas densamente disputadas. Houve um leilão em 2008, quando a companhia adquiriu 70% do terreno. Era uma área de outra incorporadora, que teve problemas e não conseguiu construir ali. O terreno era da Cúria Metropolitana, desde a centenária igreja Nossa Senhora da Piedade até o colégio Leonardo da Vinci. A cúria foi, aos poucos, urbanizando, vendendo, negociando ao longo do desenvolvimento da cidade. Então chegou o momento em que o terreno foi vendido para outra incorporadora e tinha um ginásio de esportes mais em cima, que foi vendido e demolido para fazer esse conjunto de edificações. Mas é da história da cidade.
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Essa nova loja assinala uma nova identidade visual. Será o estilo de todas as próximas?
Existem elementos que começam a dar um ar mais contemporâneo às lojas, mudam materiais, surgem formas mais inteligentes de fazer. Alguns elementos tradicionais que a gente usava estão começando a ser substituídos em lojas que terão essa caracterização. Muda um pouco a fachada, o nível de iluminação, os equipamentos internos, os acabamentos. Outros são elementos que marcam um pouco o que cliente costuma enxergar como 'essa é uma loja do Zaffari'. Começamos ali a ter uma primeira demonstração, que poderá ser vista em outras que poderemos apresentar ao público.
E quais serão as próximas?
Disponíveis para informação pública, temos dois projetos para o início do próximo ano. Um era para o fim deste ano, talvez não dê, o da loja do Centro Histórico de Porto Alegre, no antigo Cine Cacique, que tem um pouco dessa recuperação do espaço do centro histórico.
Ainda há alguma expectativa de abrir ainda este ano?
Diria que janeiro de 2016 é o nosso norte, o que a gente está buscando.
Antes do Natal seria melhor?
Difícil, porque o grau de complexidade é grande e depende de outros parceiros. Existe toda uma indústria de fornecimento de produtos para supermercado. Quando chega o final de ano, tem um acúmulo e, às vezes, é bom deixar passar o Natal, porque não conseguem entregar todas as encomendas. E temos a loja do Shopping San Pellegrino em Caxias do Sul, a quarta na cidade, que tem a caracterização do shopping, está sendo executada e tem previsão de abertura também para janeiro. Essas são as duas lojas que são visíveis e vão acontecer.
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Mas não tem dúvida de que vem aí a segunda loja em São Paulo, no shopping Morumbi Town?
Não, não, nenhuma dúvida. Existem outras duas com previsão até o fim do primeiro semestre de 2016. A loja do Morumbi Town está em um shopping da Gazit. Estão na fase da cobertura do shopping, que já existia passa por adequações. A previsão é abrir ao público, ao menos parcialmente, até maio de 2016. Não podemos definir data, mas nossa parte vai estar pronta para atender à demanda original de maio. Outra loja com o mesmo tempo é a da zona sul de Porto Alegre, chamada de Zaffari Hípica, na Juca Batista, logo antes do entroncamento para a Restinga, em Belém Novo. O prédio já está em obras, então vamos dosar dentro de nossas possibilidades de entrega de equipamentos, formação das equipes. São todos projetos de três, quatro, cinco anos, de negociações, contratos, acertos, cada um com sua característica própria. Por isso fica difícil precisar data, porque dependemos de terceiros.
O Bourbon segue como marca separada, mesmo com a força do nome Zaffari?
Na área de supermercados, a marca é Zaffari. Existem hipermercados que abriram com a marca Bourbon, dentro de centros comerciais Bourbon, e acabaram levando esse nome. Em São Paulo, já houve essa divisão, o shopping é Bourbon e o supermercado, Zaffari.
Os paulistas ainda insistem em chamar de Zaffári, apesar do acento acrescentado no primeiro "a"?
É verdade, mas a gente convive (risos). Muitos gaúchos vão muito lá e corrigem. A nova loja de São Paulo também é uma loja Zaffari, padrão Zaffari. No Wallig, também existe um shopping Bourbon com uma loja Zaffari. As duas marcas funcionam irmanadamente.
Há planos de transformar os supermercados Bourbon em Zaffari?
Não tem discussão sobre isso, mas se acontecer será natural, não tem dificuldade.
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E uma pergunta recorrente dos leitores: esses projetos tão comentados em Porto Alegre, o da Força e Luz e o da Praia de Belas, têm um horizonte?
Ainda não há condições de divulgar. São projetos que ainda estão passando pelos órgãos licenciadores. E como são processos complexos, que exigem melhorias viárias, públicas, temos de aprovar tudo isso órgão por órgão, setor por setor. No projeto do Força e Luz, o EVU (Estudo de Viabilidade Urbana) está aprovado, já passamos por Eia/Rima, está tudo bem encaminhado, na fase de aprovação do projeto legal, lá no final. Em paralelo estamos desenvolvendo e aprovando, na prefeitura, os projetos viários do entorno, que implicam uma nova ponte na Ipiranga, na continuação da Alcides Cruz, uma continuação da Rua Dona Eugênia, alargamentos, implantação de ciclovia. É uma lista bastante ampla de pequenas intervenções, ou até bem significativas, que enquanto não acerta, não organiza, não assina, fica numa zona de não dar informação.
É fato que o Zaffari tem um banco de terrenos e pode esperar 10 anos para fazer um projeto?
Não é bem assim, mas o certo é que fazemos com muita antecedência. Não são áreas comuns, pequenas. Tem de ser área grande, tem de ter acessibilidade, tem de olhar o crescimento da cidade, tem de pensar o sistema viário. Existem projetos que a gente inicia, com a prefeitura, não com a discussão do prédio, mas o sistema viário. Ver que ruas a prefeitura não fez nesse local para poder acertar e funcionar melhor e depois poder implantar um prédio. Tem de fazer levantamento de tráfego, de áreas atingidas. Então infelizmente é demorado, mas a gente não reclama porque sabe que tem de ser assim para fazer bem feito. Para dar um exemplo, quando começamos a pensar o Bourbon Ipiranga, a Rua Guilherme Alves era de chão batido, e fomos pensar no binário da Guilherme Alves, instalar uma ponte, fazer todo o complexo. Quando para para pensar lá na fase inicial, pensa 'é loucura pensar isso', mas se não pensar nisso, não faz um projeto que tem uma repercussão como essa.
A crise está afetando a venda do Zaffari?
O varejo de alimentos nem tem um aumento significativo quando o mercado está todo em ordem e todo mundo feliz, como também não cai igual a outros segmentos quando o mercado está em desordem e não está feliz. Temos menos sensibilidade à variação, ou como dizem os economistas, menos elasticidade. São gêneros alimentícios, de primeira necessidade, que é o forte do conjunto. Claro que as pessoas fazem substituições, não compram alguns produtos, compram outros, mas também existem muitas pessoas que pensam 'não vou viajar para o Exterior, o dólar está muito alto, vou fazer churrasco em casa, convidar os amigos'. Essas coisas são muito difíceis de isolar, medir e ponderar. O resultado médio (frisa a palavra 'médio'), quando a gente olha o conjunto das informações, é empatar neste ano com o valor do ano passado, sem crescimento. Não houve redução, mas também não houve crescimento.
Vocês estão considerando esse resultado bom, frente ao panorama do ano?
Todos nós que vivemos da troca, do comércio, sempre queremos crescer, ganhar espaço. É da natureza dos negócios. Em um ano em que existem empresas mais sensíveis e com mais dificuldade, manter o nível de desempenho não é ruim. E a gente ainda acredita que, talvez, possa ter algum desempenho diferenciado no final do ano. Estamos trabalhando dia e noite para os clientes terem alternativas, substituírem produtos, assim como implantar novas lojas, em locais em que não estávamos atuando, para buscar um espaço e não deixar caírem as vendas.
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Os leitores perguntam por que não tem Zaffari no Litoral, o que é possível dizer?
Não tem previsão para o Litoral ainda, temos compromissos de planejamento que nos exigem atenção e ainda não conseguimos no Litoral.
Nem a longo prazo?
Longo prazo nem falamos (risos).