Foi com a expressão do título acima que a presidente Dilma Rousseff caracterizou seu estado de ânimo ontem, na Turquia. Estava desmentindo a intenção de trocar Joaquim Levy por Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda. A presidente reclamou das especulações que, "vira e mexe", a obrigam reforçar que "Levy fica onde está".
A frase em que substituiu o nome do antecessor no cargo pelo seu foi feita para reforçar que não tem nada contra Meirelles. Embora os dois – Dilma e Levy – estivessem no mesmo local, não pareciam muito afinados. Ao responder à pergunta que não cessa – fica ou sai? –, o ministro deu a resposta mais vaga até agora. Fica até "segunda ordem" por estar "navegando".
Enquanto o mercado especula, o ministro e até a presidente são obrigados a desmentir, a economia não navega: segue à deriva. Se há decisão a tomar sobre o leme, é bom que seja tomada logo. Riscos imediatos para seu mandato estão afastados, mas o humor de boa parte do país em relação a seu governo ainda está mais para "guerra e ódio" do que para "paz e amor" – nem sempre por bons motivos.
O orçamento de 2016 segue no Congresso com rombo "oficial" de cerca de R$ 30 bilhões e projeções de que chegaria a R$ 130 bilhões. As projeções para a recessão se aprofundam enquanto as sobre inflação crescem. Quanto mais dúvidas sobre quem vai de fato tentar dar uma direção ao barco, maior a incerteza que paralisa negócios e agrava a crise.