Nova York esperava algo do gênero. A cidade está abarrotada de turistas que tomam as ruas com decoração natalina e alegre despreocupação. Como se trata de uma combinação atraente para o terror, há policiais por toda a parte e ruas fechadas a potenciais veículos atropeladores e carros-bomba, mas não é possível se evitar a infiltração de lobos solitários em uma área como a Port Authority Bus.
Cheguei sexta-feira de manhã a Nova York e passei o dia em reuniões e em jantar no jornal The New York Times, na 8th Avenue, exatamente em frente ao Port Authority Bus. Meu hotel ficava na 40th Street, ao lado do terminal e, no sábado à tarde, em meio a uma forte nevasca, usei-o para tomar o ônibus expresso para o aeroporto de Newark. Não há como revistar cada visitante ali sem gerar enormes filas - imagine o transtorno na inspeção de cada usuário de um terminal urbano de ônibus de Porto Alegre.
A única maneira de Nova York se prevenir é mesmo bloqueando ruas, como as que circundam a pista de patinação e a tradicional árvore de Natal do Rockefeller Center – um alvo tão óbvio quanto a Trump Tower –, e, principalmente, usando os serviços secretos para identificar potenciais atos antes que eles ocorram. Mas até a inteligência tem seus limites na geografia urbana de Nova York e em terroristas, cada vez mais cautelosos para não despertar desconfianças, como mais uma vez parece se confirmar.