"A contagem de corpos dos Clinton cresce com mais cinco pessoas achadas mortas com sólidas ligações na campanha de Hillary. Ainda mais alarmante é o silêncio da mídia sobre as mortes e as esmagadoras evidências de que os mortos sabem de coisas que podem derrubar todo o Partido Democrata".
Absurda e fantasiosa, essa notícia foi compartilhada aos borbotões durante a campanha que conduziu Donald Trump à Casa Branca, em uma corrida estapafúrdia – de lado a lado – na disseminação de toda sorte de boatos via redes sociais. Com quanto as notícias falsas e distorções contribuíram para colocar Trump no controle dos códigos nucleares é algo ainda a ser mensurado, mas a esta altura não resta dúvida de que a sanidade mental do planeta está se tornando refém da máquina de mentiras instalada via Facebook.
O fenômeno se nutre de uma combinação de fatores. De um lado, há um encolhimento do território dos veículos profissionais de comunicação, aqueles organizados a partir de redações cuja missão número 1 é apurar a verdade baseados em técnica jornalística e independência. Um estudo do Pew Center, nos EUA, mostrou que 44% dos norte-americanos também têm o Facebook como fonte de notícias. O segundo fator está associado ao primeiro: para conquistar terreno, a fábrica de boatos procura desacreditar os veículos jornalísticos com delirantes acusações de conspirações, ignorando que jornalistas vivem de divulgar a realidade da forma mais fiel possível, não de encobri-la.
Acossado pela profusão das mentiras, o criador do Facebook, Mark Zuckerberg, veio a público para dizer que 99% das notícias compartilhadas em sua rede são autênticas. O problema é que basta uma notícia falsa para gerar o caos e a ruína de um banco, por exemplo, o que pode levar a uma crise sistêmica no mundo financeiro e a um cataclismo econômico planetário.
Portanto, para contribuir com um mundo melhor, siga três regras simples antes de compartilhar uma notícia nas redes:
1) Qual a fonte? É confiável? Atua no ramo jornalístico de forma independente e profissional?
2) O texto contém uma teoria conspiratória do tipo "você não vai ler isso na grande mídia porque ela está vendida"? Se a notícia não foi divulgada por um veículo confiável, é muito provável que seja mais uma invenção.
3) Por fim, a mais importante. Use o saudável ceticismo dos jornalistas profissionais antes de repassar uma notícia sem origem. Informações fantasiosas são geralmente apenas isso mesmo: fantasias para conquistar a confiança das pessoas de boa-fé e serem esparramadas pelas redes.