Então, papais e mamães.
Quem está escrevendo para vocês aqui é um bobalhão que se tornou pai e ficou ainda mais bobalhão, porque é exatamente isso que se torna um pai. Eu estou virado em um idiota completo. Porque rastejo atrás do meu filhote. O nome dele é Federico. Ninguém entende e o chama – já apelidando – de Fred. Ou seja, o nome dele é “Federico sem R” para sempre.
Mas, voltando à minha idiotia por um filho, digo que virei o chato da turma. Que abre o celular para mostrar vídeos e fotos que são legais só para os pais e avós do Federico. Ele olhando um videoclipe e dançando – o chamo de novo Michael Jackson. Ele acertando onde está o cachorro, eu o achando um Sherlock Holmes. Enfim, meu filho nasceu para ser presidente da República Federativa do Brasil. Problema para um futuro não muito distante é escolher um partido político para ele. Enfim, resolveremos isso mais tarde.
Não quero falar de política em um texto de Dia dos Pais. Apesar de saber que muitos pais se tornam enlouquecidos defendendo uma ponta da atual ferradura política tupiniquim. Mas Federico é tipo uma paz. É isso. Ele é a minha paz. Você, papai, sabe disso. Filho é o verdadeiro Recanto do Guerreiro. Quando estou lendo algo em GaúchaZH que me deixa triste, um simples olhar para o pequeno, no chão, tentando encaixar bloquinhos de plástico, traz tranquilidade. É tipo água no Saara, tipo uma ilha no Pacífico, tipo um texto sem clichês sobre desertos ou ilhas.
Essa tranquilidade levou-me à primeira festinha de Dia dos Pais na escolinha do Federico. Eles marcam antes da data festiva para conseguir espaço na agenda dos sempre apressados e ocupados papais. E as duas professoras tiveram uma sacada. Desloquei-me ao local e, confesso, esperava aquelas apresentações de filmes americanos. Enchi de bateria meu celular para gravar tudo e estava pronto para a choradeira. Era o momento da minha vida. Iria espalhar nos stories o lado Bruno Mars do rebento! Sucesso e likes! Mundo moderno abraçado. Mas lembra que escrevi no começo do parágrafo que as professoras tiveram uma sacada? Pois conto agora.
Eram oito crianças. Oito pais. Mais ninguém. Tudo na salinha deles mesmo. Nada de babies cantando, o que agora parece óbvio porque a turma tem uma média de um aninho e meio de vida (já tinha escrito aqui que tornei-me um idiota ainda maior), o que torna impossível um coro musical de filme de Hollywood. Outro clichê caía. As atividades eram simples. Ficar no chão com eles, tentar calçar sapatos em irrequietos pestinhas que ficam pês da vida quando essa ordem aparece. Dançar com eles. Conseguir que eles façam o guarda-guarda dos giz de cera e o mais difícil: fazer focá-los em uma só atividade por cinco minutos seguidos. As profes só queriam que no Dia dos Pais da escolinha a gente vivesse um pouquinho do trabalho delas, da labuta de mães que assumem a bronca dos primeiros meses de vida dos filhos, enfim, que pais foquem no que realmente importa nessa coisa chamada paternidade.
Um texto lindo de Mario Quintana foi lido. Era sobre o tempo. Como ele passa, como perdemos ao não perceber que criar uma criança é difícil e aprazível. Mas que sem a presença isso não é possível. Nosso trabalho por aqui é levar para vocês informações e opiniões sobre coisas espetaculares ou tristes. É nossa profissão. Nossa vida de hoje é nossa escolha. Mas é no Dia dos Pais que lembremos do tempo. Outro clichê que pode salvar a sua vida. E do seu filhote. Que colemos nas mamães, que sejamos presentes o máximo que dá, que a prioridade vire esses pequenos destruidores de vasos de flores e corações.
Eles, no fundo e no fim, querem mesmo é nossa atenção. Nosso foco. E eles, campeões mundiais em simpatia e verdade, estão absurdamente certos, papais.