Lembro quando abandonava o futebol de rua com goleiras feitas de pilhas de tijolos para ligar na Globo e assistir a Que Rei Sou Eu?. Foi a novela da minha infância porque entregava tudo o que um guri de 10 anos quer ver: lutinha, beijinhos e humor. Pouco importava se as interpretações eram boas – e eram ótimas, aliás – ou se o cenário e o figurino ganhariam Oscar. Foi a minha novela das sete.
Pois que em 2018, Marco Nanini, Tatá Werneck, Bruna Marquezine, Marina Ruy Barbosa e elenco se arriscam em Deus Salve o Rei. Arriscam porque tudo que parece muito com algo pode ser perigoso. Vamos lá: é cópia de Game of Thrones? Tudo que tiver princesas, reis e disputa por trono no mundo até 2029 vai ser. A referência na nova novela global é clara. E isso pode ter dado certo. O capítulo de estreia bateu recordes antigos de audiência. Mas custa caro copiar Jon Snow.
Bom: não há derrapadas técnicas. Computação gráfica, cenários, roupas, cabelos, maquiagem, tudo certinho. Mas falta sangue. Até porque ele é proibido em TV aberta nesse horário. O foco é um folhetim como a novela dos meus tempos de criança. Pode ser algo mais Disney, Pixar, Sessão da Tarde mesmo. Alguns críticos reclamaram que algumas cenas ainda estão muito "teatro", o que o tempo de gravação deve corrigir. Mas as milhões de pessoas que acompanham uma novela no Brasil terão tudo que precisam em Deus Salve o Rei. Se será melhor que Que Rei Sou Eu?. Tenho raiva de nostálgicos. Mas ninguém quebra a novela das sete mais legal da minha vida!