Eleito pelos associados com 94% dos votos, Marcelo Medeiros assumiu a presidência do Inter em 2017 com a missão de trazer o clube de volta à Série A, em meio a uma grave crise financeira. Atingiu o objetivo. Reeleito, não conquistou títulos na gestão. A aproximação da data do primeiro turno da eleição presidencial — 25 de novembro — rachou a aliança de grupos políticos que faziam parte da gestão.
O efeito mais forte foi o desligamento de Alessandro Barcellos do departamento de futebol. O diretor-executivo, Rodrigo Caetano, terá mais poderes e ficará exposto. Em várias áreas do clube, outros dirigentes políticos foram afastados.
Por ser vice-presidente eleito, João Patrício Herrmann permaneceu na gestão que termina em dezembro, mesmo tendo divergências recentes com Medeiros e sendo de um grupo que vai para as fileiras da oposição. Como grandes colorados, filhos de ex-presidentes, ambos têm nível para conviver pacificamente para o bem do clube.
Na verdade, o maior erro da formatação do processo eleitoral foi não ter buscado um acordo no Conselho Deliberativo para adiar a eleição até o final da atual temporada, que foi ampliada para fevereiro em virtude do período sem futebol no início da pandemia de coronavírus. Trazer o debate político com bola rolando é um tiro no pé.
Agora, o grande desafio de Marcelo Medeiros é blindar o vestiário dos ânimos acirrados gerados pelas discussões políticas. Não deixar que nada atrapalhe o ambiente do futebol.
Já vimos, em outras oportunidades no futebol gaúcho, que turbulências fora de campo acabam atrapalhando o desempenho dentro dele. O que fica de imagem de tudo o que está acontecendo nada mais é do que uma grande disputa pelo poder no Inter entre os movimentos políticos.