Vinicius Junior fez três na terça (22). Raphinha, três na quarta (23). O primeiro foi o condutor da virada de 5 a 2 do Real sobre o Dortmund. Pegou a bola e o jogo para ele e mudou o roteiro contra o mesmo Dortmund que havia enfrentado na final da Champions League, em junho. Raphinha, com a braçadeira de capitão, demoliu o Bayern de Munique: 4 a 1 para o Barcelona. O brasileiro saiu do campo do Olímpico de Montjuic aplaudido de pé.
Poderia incluir ainda aqui Militão e Rodrygo, sempre em alto nível no Real. Ou Martinelli, autor do gol do 1 a 0 do Arsenal no Shakhtar. Savinho, titular de Guardiola, teve boas ações no 5 a 0 do City sobre o Slavia Praga.
Nossa gurizada é protagonista na Champions League na quarta e deita e rola nas ligas nacionais no final de semana. Jogam um futebol que encanta na Europa. E são o retrato do desencanto na Seleção. É fácil perceber, portanto, que o problema não está neles lá, mas em nós aqui. O problema está na Seleção e na falta de rumo dela.
Nossos talentos são as joias da maior competição de clubes do mundo. Não é possível que o futebol deles passe por um processo de desidratação enquanto cruzam o Atlântico. O jogo no clube, é verdade, é favorecido pelo entrosamento, pela rotina do treino diário. Porém, é inegável que a Seleção pouco contribui para potencializar a qualidade deles. Me parece incompreensível que esses mesmos jogadores que reluzem pela TV na Champions League pareçam comuns contra as Venezuelas e os Chiles da vida aqui nas Eliminatórias.
A semana nos mostrou, assim como cada domingo nos mostra nas La Liga e nas Premier League da vida, que a geração é farta de talentos. Está distante de ser fraca, como muitos avaliam. Um desses talentos, inclusive, é o grande candidato a celebrar na segunda-feira (28) a conquista da Bola de Ouro da France Football. Algo que o Brasil não comemora desde 2007. Se olharmos com um pouco mais de carinho para o que esses guris fazem do lado de lá do oceano, veremos que o problema veste verde e amarelo.