Há um ano, estávamos na semana de abertura da Copa do Catar. A coluna voltou, de forma remota, é verdade, ao país e foi buscar informações sobre o legado do Mundial por lá. O reformado Khalifa e o outros seis dos sete estádios novos, alguns verdadeiras joias arquitetônicas, esperam pela Copa da Ásia, em janeiro, para outra vez ganharem atmosfera de futebol com casa cheia.
O 974, a sustentável arena feita com contêineres, segue de pé, imponente, com vista para a Baía de Doha. Lá, o Brasil enfrentou a Suíça e a Coreia do Sul. O plano era desmontar o estádio e doar os 974 contêineres que o compunham para países carentes construírem residências. Até agora, isso não foi feito. O estádio virou um ponto turístico. E também inspirou outras obras semelhantes mundo afora. A cidade belga Charleroi estuda uma obra parecida. No Zimbabwe, um shopping de contêineres foi erguido.
Recorde de público
Os demais sete estádios seguem à espera de público. A primeira rodada da Expor Stars League teve seus jogos em estádios mundialistas: Al Thumama, Al Janoub, Khalifa e Al Bayt, o mais distante da região central, em Al Khor, mas também o mais belo, em formato de tenda. O ponto é que são apenas 12 clubes na disputa.
Como quase todos já tinham seus estádios, com capacidades ao retor de 20 mil pessoas, a maioria das partidas é realizada neles. O Grand Hamad, do Al Arabi e CT da Seleção na Copa, é um dos que mais recebem esses jogos. Os grandes confrontos locais, como os clássicos, são levados para algum estádio do Mundial. Em setembro, Al Rayyan x Al Arabi, o El Clásico, levou 28.397 pessoas ao Ahmad Bin Ali. Foi o recorde de público do futebol local.
Copa da Ásia sem estádio da final
Havia uma grande expectativa de público para o duelo entre Al Duhail x Al Nassr, pela Champios League asiática, a Libertadores do continente. Cristiano Ronaldo é o grande ídolo dos catares e dos imigrantes de países como Índia, Sri Lanka e Paquistão, que ocupam os postos de trabalho no setor de serviços.
Na Copa, os jogos de Portugal arrastavam multidões de fãs de CR7. Porém, o português ficou de fora. Quem brilhou no 3 a 2 do Al Nassr foi o brasileiro Talisca, com três gols. Phelippe Coutinho fez ao Al Duhail.
A expectativa, agora é pela Copa da Ásia. A competição começará em 12 de janeiro e receberá 24 seleções. Entre elas Japão, Coreia do Sul e Austrália. O Catar anunciou que doará a receita da venda dos ingressos à Palestina. O estranho na escolha das sedes é que o Lusail, sede da final da Copa de 2022, ficou de fora.
Metrô cheio
Mesmo que o futebol local ainda engatinhe, a passagem da Copa pelo Catar incrementou ainda mais o turismo e deixou legado. O metrô, hoje, lota em horários de pico, conta a guia turística gaúcha Leila Martínez, moradora há alguns anos do Catar. Há os habitantes se deslocando ao trabalho e às universidades, mas existem também os turistas, curiosos para conhecer o conforto de vagões e a imponência de algumas estações. O Mundial, reforça ela, era só uma parte do projeto do Catar para se tornar um centro econômico e de entretenimento do Golfo Pérsico.
— O projeto do país é muito maior do que a Copa. Agora está acontecendo a Expo Horticultural 2023, que vai até março de 2024. Todas as instalações do Mundial seguem em funcionamento, e eles estão inaugurando novas — conta Leila, em conversa pelo WhastApp.