O Grêmio espera por uma resposta de Luis Suárez para anunciá-lo por dois anos. O salário seria na casa de R$ 1,5 milhão mensais, com boa parte bancada por três empresas. Antes de qualquer análise, me posiciono aqui: vale o negócio.
Talvez, apenas o Flamengo, por contar com Pedro, pode se dar ao luxo aqui no Brasil de deixar de apostar em um jogador como Suárez. Mesmo que ele tenha sido apenas discreto na Copa do Catar. Mesmo que ele já esteja longe do seu auge — até porque, se estivesse, jamais pararia aqui nos trópicos.
O "Pistolero", como o chamam os uruguaios, completará 36 anos em 24 de janeiro. É aqui que reside o segredo da aposta do Grêmio. Se souber usar Suárez, trata-se de um negócio que dificilmente deixará de dar retorno.
É preciso que todo o contexto azul tenha muito claro que quem está chegando não é o centroavante dos tempos de Barcelona, das Copas de 2010, 2014 e 2018. Muito menos aquele jogador decisivo na campanha do título espanhol do Atlético de Madrid na temporada 2020-2021. Ali, aos 34 anos, respondeu ao Barcelona, que o havia dispensado, com 21 gols na La Liga.
O Suárez que poderá desembarcar em Porto Alegre é um jogador já encaminhando o final de carreira e dependente de um cuidado especial. Só assim poderá render ao máximo. Se o Grêmio tiver muito clara a necessidade de protegê-lo do calendário excruciante do Brasil, com dois jogos por semana e viagens continentais, terá um centroavante de ponta para os padrões do nosso futebol.
É preciso sempre levar em conta que no nível de intensidade com a qual jogamos aqui um atleta com a capacidade de finalização e leitura consegue ser decisivo. Como foi Ronaldo no Corinthians, por exemplo, em 2009. Mesmo atuando com a balança marcando por volta de 100 quilos. Não estou aqui, é sempre bom frisar, comparando os dois jogadores. Apenas trazendo o exemplo do quanto um nome com corrida internacional em alto escalão ainda consegue fazer diferença por aqui.
O Grêmio precisa ter em conta, ao fechar com Suárez, que sua contratação só dará o resultado esperado se ele for usado como requer um jogador de 36 anos. Mais, como requer a um jogador que sempre atuou em um calendário com uma semana limpa, com tempo para jogar, treinar e se recuperar sem atropelos. Em um cenário desses, o uruguaio dará a resposta esperada. Até porque se trata daquele tipo de centroavante indignado, que tem o gol como razão de sua existência e que se preocupa muito em encerrar sem manchas uma carreira de grande sucesso.
A última amostragem de Suárez por um clube foi a rápida passagem pelo Nacional. E ela mostra muito do que ele é. Foram oito gols, sendo dois deles na decisão do título da temporada, contra o Liverpool. A volta ao clube dos seu amores foi a saída escolhida para se recuperar de lesão e se condicionar visando à Copa.
Depois que ficou afiado, tornou-se decisivo. O nível de exigência no Brasil é bem maior do que no Uruguai, onde o campeonato é um Gauchão com status de nacional. Mas há Suárez de sobra para encarar o Brasileirão e a Copa do Brasil. Desde que usado com moderação.