A volta de Ferreira depois de quase três meses entregou para Roger Machado mais do que um jogador de desequilíbrio e finalização. Com o camisa 10, o técnico vê descortinar-se a possibilidade de colocar em ação seu plano de fazer, dos extremas, jogadores que se vestem também de armadores na fase ofensiva. Sim, mesmo que sejam agudos e dribladores, Ferreira e Biel entregam um movimento que, com Janderson ou Elias, Roger não tinha.
Os dois têm ferramentas para desmontar os sistemas de marcação com toques rápidos, passes que quebram linhas e infiltrações para arrematar e chegar ao gol. O movimento deles, de fora para dentro, também abre espaço para que Rodrigo Ferreira e, principalmente, Nicolas avancem pelos flancos e encorpem ainda mais o ataque. Foi assim contra o Náutico, na última sexta-feira.
Roberto Fernandes armou um ferrolho com três zagueiros e seis jogadores no meio-campo. Com isso, em alguns momentos, se defendeu com linha de cinco, protegida por uma linha de quatro. Foi a partir das derivações de Ferreira e Biel para o meio que o Grêmio começou a desmontá-la, chegou ao 2 a 0 e contabilizou 28 finalizações.
O mapa de calor do jogo de sexta-feira deixa bem clara a ideia de Roger. Boa parte das ações dos extremas se deu na faixa central de campo. Ferreira foi o líder em assistências para finalizações, com quatro. Biel deu duas, só ficando atrás de Villasanti e Diego Souza, com três cada. O jogo mostrou, inclusive, interações entre eles.
Biel deu dois passes para Ferreira. Ferreira, por sua vez, acionou seis vezes Biel. O que surpreende, pelo fato de, originalmente, ocuparem lados opostos do campo. Só que, na ideia de Roger, eles dialogam – e não é pouco – na faixa central.