
O momento é mais do que oportuno. Ainda mais que estamos a poucas horas de um Gre-Nal que acabou adiado por um ataque ao ônibus da delegação visitante, no caso, a do Grêmio, na entrada do estádio. Motivado por esse episódio e também pelo atentado a bomba sofrido pela delegação do Bahia 48 horas antes da data original do clássico 435, o presidente do Inter, Alessandro Barcellos, levou à CBF a proposta para abertura de um amplo debate sobre violência nos estádios. Isso aconteceu dias depois do episódio do Beira-Rio. Na assembléia da entidade, nesta segunda-feira, o presidente interino Ednaldo Rodrigues apresentou o "Manifesto a favor da vida e do futebol brasileiro".
O "manifesto" é, na verdade, um projeto em que se criará uma frente para discutir medidas contra a violência nos estádios e até um marco regulatório. A CBF projeta, para a largada, a realização de dois seminários. O primeiro abordará medidas tomadas em outros países e debaterá, com órgãos de segurança públicos e agentes privados do futebol, caminhos a serem tomados. Incluindo aí medidas legais que deverão constar no Código Brasileiro de Justiça Desportiva.
O outro seminário reunirá clubes e federações e terá como objetivo capacitá-los, a partir de medidas de sucesso tomadas por ligas de outros países. A Fifa foi convidada a entrar no projeto e embarcará com seu departamento responsável por fomentar a profissionalização do futebol pelo mundo.
O movimento sugerido pelo Inter acontece em um momento no qual os fãs de futebol assistem, aterrorizados, à vitória dos marginais. Depois dos casos do Bahia e do Gre-Nal, tivemos ataque a torcedores do Cascavel, em jogo do Paranaense, e a morte em briga entre torcidas de Atlético-MG. Sem contar as brutais cenas de violência ocorridas no México, em uma batalha campal entre torcidas do Querétaro e do Atlas, cujas imagens correram o mundo.