O Grêmio segue seu calvário. São apenas 10 pontos em 42 disputados, oito derrotas em 14 jogos, duas vitórias apenas. São números assustadores, de quem está atolado na zona de rebaixamento desde o começo do campeonato. Mas há um alento nesse cenário de medo.
Geralmente, os clubes grandes não caem, despencam. Há uma cartilha que derruba um gigante, com capítulos como crises internas, atrasos salariais, má gestão, desvios de recursos e manobras de dirigentes que azedam a relação entre vestiário e clube. Nenhum deles está presente neste atual contexto do Grêmio. O problema maior é de produção técnica, de um time que se defende mal (17 gols) e ataca com tibiez (nove gols). E isso, com os reforços, se resolve.
O que não pode, neste momento, é o Grêmio alimentar fogo-amigo ou abrir a porta para que as relações azedem. E foi essa brecha que Felipão deu no sábado (14), em sua entrevista coletiva. Ao apontar que é preciso mais indignação e cobrar que se jogue com "mais garra, mais pegada e ânimo", o técnico manda, publicamente para os jogadores, a conta dessa situação espinhosa na tabela.
Geralmente, cai mal nos ouvidos do vestiário essa exposição pública. É uma cartada arriscada de Felipão, de tentar sacudir os jogadores através das entrevistas e fazê-los entender que o momento é de jogar pela vida.
É verdade, também, que o técnico vai esgotando suas cartas para tirar o time dessa situação. Houve mudanças de time, de sistema e de peças. No segundo tempo, contra o São Paulo, chegou a armar um modelo com três zagueiros, fazendo de Cortez um deles e Alisson um ala, posicionando Douglas Costa mais à frente.
A esperança fica, agora, em quem está chegando, como Villasanti e Campaz. São dois bons jogadores, principalmente o segundo. Porém, é um risco. Afinal, é preciso que eles cheguem de Assunção e Ibagué, fardem e joguem como se estivessem lá, no lugar em que estavam ambientados e eram incensados, razão, essa, que fez o Grêmio investir alto neles.