Foi ao melhor estilo Felipão. O Grêmio, depois de nove jogos sem ganhar e cinco sem marcar nem um gol sequer, enfim, venceu. Fez 1 a 0 na LDU e encaminhou vaga nas quartas de final da Copa Sul-Americana. Joga por empate na terça-feira (20), na Arena. Mas, mais valiosa que a vantagem, foi o roteiro da noite.
A vitória veio na altitude de 2,8 mil, contra um rival duro, com sinais de resgate de Jean Pyerre e com um final de jogo para encher de esperança o torcedor gremista: o time que acabou a partida tinha nove atletas formados em Eldorado do Sul. Só Kannemann e Cortez não haviam passado pelas categorias de base. Felipão buscou em um meio-campo robustecido por Fernando Henrique e Sarará e em ataque com os Léos, Pereira e Chú, e em Ricardinho, a força para resistir nos últimos minutos.
Entre tantas notícias boas para a torcida, como mais uma atuação empolgante de Chapecó, outra apresentação segura de Ruan e a velocidade de Vanderson, ficou cristalizado no fim de tarde em Quito o começo de resgate de Jean Pyerre. O gol, de Léo Pereira, tem uma bola recuperada por ele em uma arrancada que desmente a imagem de lento. Além, é claro, de um cruzamento que pareceu feito com a mão de tão preciso.
Mas teve mais. Jean esteve ligado o tempo inteiro. Assumiu a organização do time, criou, voltou para fechar espaço e até saiu do sério quando sua articulação não teve resposta no passe de errado de Alisson. A bronca no companheiro foi amostra de que Felipão parece começar a entrar na intrincada cabeça de Jean Pyerre. Era preciso mesmo resgatá-lo. Assim como era preciso voltar a ganhar uma partida depois de quase 40 dias. O torcedor pode ter visto, no ar rarefeito e gelado da capital equatoriana, o fim de um longo inverno azul.