Marcelinho Paraíba atende ao telefone e se surpreende com a chamada vinda do Sul:
– Pode ser rápido? Estou começando a fazer minha musculação (a foto acima, com o personal André, comprova que era verdade, pois foi tirada ao final da conversa e enviada por WhatsApp).
Aos 44 anos, o atacante campeão da Copa do Brasil pelo Grêmio, no distante 2001, se prepara na sua Campina Grande para a última temporada como atleta profissional. Paraíba se acertou com o Perilima, a terceira força da cidade, dividida quase toda entre Treze e Campinense. Sobre o Perilima, vale um destaque.
O nome do clube são as sílabas iniciais de Pedro Ribeiro Lima, um empresário local. Aliás, o nome também batiza sua fábrica de sorda, um biscoito típico da região.
Paraíba é o grande nome do time. E também pai e irmão dos seus dois companheiros de ataque. A longevidade permitiu a ele jogar ao lado de Rodrigo, o segundo dos seus oito filhos, e Tibério, o irmão, ambos de 22 anos.
Marcelinho Paraíba ainda segue em atividade?
Estou jogando, sim. Disputei a última Série C pelo Treze, aqui de Campina Grande. No primeiro semestre, defendi o Perilima, um outro clube da cidade. Pretendo ainda jogar no ano que vem. Pretendo, no final da temporada, fazer o curso de treinador na CBF. Quero seguir essa carreira depois que deixar o futebol.
Você pretende encerrar a carreira no Perilima, ao lado do seu irmão e do seu filho?
O Perilima já fez o convite para eu jogar de novo o Paraibano lá em 2019. Provavelmente, aceitarei. Aconteceu neste ano de eu jogar com meu filho e com meu irmão. Foi muito especial.
Quais as posições deles?
Meu irmão é centroavante. Meu filho é meia.
Ou seja, o Perilima tinha um ataque da “Família Paraíba”. O que eles têm de características parecidas com as suas?
Isso mesmo, formávamos um trio ofensivo. Meu irmão é mais de área mesmo aquele estilo antigo, trombador. Jogava como o meu pai, mais posicionado. Meu filho é meia, como eu jogo hoje. Mas é mais técnico, tem mais passe. Não tem a mesma força que eu tinha, aquela velocidade.
Aos 44 anos, são eles que te pifam ou acontece o contrário?
(Risos) Sou eu que pifo os dois. Eles são mais jovens, correm muito. Deixo-os correndo e só lanço, coloco os dois para partir para cima do marcador.
Como é para o seu pai, que teve história no futebol de Campina Grande, ver os dois filhos e um neto atuando juntos?
Ah, ele deve se encher de emoção. Vejo por mim, me sinto muito gratificado por poder atuar ao lado do meu filho, estar ao lado dele fazendo o que mais gosto.
Quantos anos têm o teu filho e o teu irmão?
Os dois têm 22 anos, cresceram juntos, são entrosados no campo.
No campo, como funciona? Tem muita discussão de família? A cobrança é diferente?
Quando estamos jogando, não vejo os dois como filho ou irmão. Cobro como cobraria qualquer um. Até me esqueço de que são parentes. A cobrança é normal, assim como orientações que dou.
Aos 44 anos, qual o segredo para seguir ainda em atividade no futebol?
Rapaz, não sei te explicar. É Deus, mesmo, que me dá saúde. Nunca me machuquei, nunca tive lesão grave que atrapalhasse ou me deixasse sem jogar.
Você, há alguns meses, teve um leve AVC, o que não o impediu de seguir jogando.
Foi algo rápido, assim como o atendimento médico. Tanto que, em 15 dias, já havia voltado ao futebol.
Você construiu essa carreira até os 44 anos sem deixar de lado a cervejinha?
Pois o AVC foi numa época em que eu estava bebendo bastante. Mas parei. Faz seis meses que não ingiro bebida alcoólica. Sou evangélico e estou me cuidando muito.