Artur, 21 anos, chegou ao Bahia emprestado pelo Palmeiras. Sem espaço com Felipão, aproveitou a chance para se afirmar como uma das revelações da temporada.
Em junho, especulou-se oferta do Shakhtar de 10 milhões de euros. Por e-mail, Artur conversou com a coluna sobre a decisão contra o Grêmio pela Copa do Brasil.
Quem é o Artur?
Futebol é algo de que gosto desde a infância, que passei em Campo Maior, no interior do Piauí. Sou cearense de nascimento, mas me mudei de Fortaleza com a família aos três anos. Graças a Deus, sempre tive apoio dos meus pais, que fizeram de tudo para que eu pudesse ir aos treinos, me acompanharam durante toda a minha carreira, me dando o suporte familiar. Comecei no Ceará e depois tive a chance de ir para o Palmeiras. Já fiquei e segui na base até subir para o profissional. Ceará. Foi difícil sair do Nordeste, pois era muito novo, mas sabia que seria um grande desafio e que poderia fazer a diferença para a minha carreira.
Você foi campeão pelo Palmeiras, mas saiu por falta de espaço e hoje ganha destaque no Bahia. Foi a decisão mais acertada da sua vida?
Vejo como algo natural, já que o Palmeiras tinha um grupo grande, com muitos jogadores experientes. Foi ótimo lá, com muita evolução e dois títulos brasileiros. Em 2018, por conta de duas lesões, tive problemas para jogar. Vinha de uma excelente Série B com o Londrina, fomos campeões da Primeira Liga, tive sequência. A expectativa no Palmeiras era grande. Para este ano, juntamente da minha família e dos meus empresários, decidimos pelo Bahia, um clube grande, com estrutura muito boa e que me deu todo suporte necessário. Pude voltar a ter sequência, com gols e assistências. Isso tem me ajudado a evoluir como atleta e como homem.
Essas boas atuações pelo Bahia podem mudar seu panorama no Palmeiras em 2020?
No momento, penso no Bahia. Sei que meu contrato é com o Palmeiras, mas tenho de pensar no hoje. Fazendo boas atuações no Bahia, com títulos, todos aparecerão. As coisas têm acontecido como planejado. Na minha cabeça, o plano é de dar seguimento nisso. Os próximos passos serão consequência do que fizer neste ano.
O que tem a dizer sobre o confronto contra o Grêmio e como o Bahia vai se portar?
Fico feliz pela partida em Porto Alegre e pelos elogios, mas o mais importante será a vaga. De nada vai adiantar aquele primeiro jogo se, neste segundo, não avançarmos. O Grêmio é uma grande equipe, com histórico em Copas. Mas o Bahia já mostrou sua força e sabemos que podemos fazer outro jogo de igual para igual. Agora será em nossa casa, diante do nosso torcedor.
Sua velocidade também é importante em jogos como mandante?
A velocidade no futebol hoje é algo determinante. Seja para jogar com mais posse ou mais no contra-ataque, é algo que faz a diferença e decide jogos. Nos treinos, trabalhamos muito isso, pois sabemos o quanto é fundamental. Procuro sempre manter um alto nível de intensidade e velocidade, algo que o Roger nos pede muito também no dia a dia e nas partidas.
Grêmio tem o Everton, um atacante também de velocidade e drible, como você, mas está em um estágio mais avançado. Ele é um modelo a ser seguido?
Everton é um ótimo jogador, fez uma excelente Copa América com a Seleção Brasileira e já vem desempenhando um bom papel no Grêmio nos últimos anos. Com certeza é um exemplo para nós, atacantes, que gostamos de ir para cima, tentar o drible, buscar a assistência e a finalização. Vejo algumas semelhanças, sim. De atuar pelos lados, do drible, velocidade e sempre em busca do gol. Hoje, também precisamos recompor, voltar para marcar, observo que ele também faz muito isso, assim como eu. Tive a honra de defender o Brasil em competições de base e só quem tem essa experiência sabe o quanto é algo gratificante. Na Seleção principal deve ser maior ainda. Pela minha idade, penso em buscar oportunidade neste ciclo olímpico. Mas só fazendo a minha parte no Bahia isso acontecerá.
Fale um pouco do período na Bahia e sobre um Roger, que tem a marca de potencializar os jovens, como foi com Everton e Luan no Grêmio.
O Roger é um grande treinador e tem essa característica de trabalhar com jovens. Eu o conhecia do Palmeiras. Infelizmente, lá tive uma lesão que me atrapalhou para ter oportunidades com ele. Mas é um técnico que sempre conversou comigo e me passou toda confiança. Ele tem feito um grande trabalho no Bahia, assim como foi no período em que esteve no Grêmio.
A velocidade sempre foi uma característica sua ou potencializou durante a carreira?
Na base, atuei também como meia. Mas sempre tive facilidade para as duas funções, vindo mais pelo meio ou pelos lados do campo. Hoje, o jogador não pode se limitar a fazer uma única função. O futebol exige que você evolua e trabalhe em setores diferentes do campo. Nas duas funções eu sempre busquei muito a velocidade, mirando o gol. E temos aqui o Paulo Paixão, realmente é um cara espetacular, que desenvolve um trabalho físico excelente e que utiliza a motivação para tirar o máximo de nós todos os dias.
E esse penteado loiro? O pessoal incomoda muito por causa dele?
Eu estava deitado em casa e disse: "Vou descolorir o cabelo". Aí fiz e fiquei um pouco mais bonito (risos). Rendeu um monte de apelido, o que já era esperado. Mas o pessoal gostou, sim. Foi agora durante a parada, apenas para mudar um pouco mesmo o visual.