O balanço do Inter mostra que há ainda muitas lições de casa a serem feitas. Pelo menos, há uma boa notícia: o déficit está controlado, e a dívida, estabilizada. O clube fechou 2018 com R$ 9,6 milhões negativos. Mas é preciso acrescentar a esse valor a dívida perdoada pelo empresário Delcir Sonda, de R$ 25 milhões, no final do ano passado. Mesmo que isso não tivesse ocorrido, o déficit de 2018 seria muito menor do que aquele apresentado em 2017, de que foi de R$ 62,6 milhões, o maior desta década. A dívida do clube, fermentada pelo lançamento da reforma do Beira-Rio em 2017, está controlada. Cresceu apenas 1% no último ano.
Os números, embora deem sinais de melhora, segundo Amir Somoggi, sócio-diretor da Value, evidenciam a deterioração das contas do clube nos últimos 10 anos. O consultor recorda que em 2006 e 2007, o Inter estava entre os clubes que mais faturavam e rivalizava com o São Paulo, com quem dividia também o status de modelo de gestão eficiente.
— Hoje, pelos balanços apresentados pelos integrantes da Série A, o Inter seria o oitavo em faturamento, atrás de Palmeiras, Flamengo, Grêmio, Corinthians, São Paulo Cruzeiro e Fluminense. Era para ele estar entre os cinco — aponta o consultor.
Uma parte da receita para organizar a casa está sendo feita. Os custos com o futebol aumentaram em apenas 4% — mesmo percentual do Grêmio, por exemplo. Porém, essas cifras correspondem a 76% da receita total do clube. Ou seja, para essa conta se ajustar, é preciso aumentar o ingresso de dinheiro no caixa. Com venda de jogadores, a tábua de salvação comum de quase todos os grandes do Brasil, e também com patrocínios e royalties.
— O déficit está controlado, mas tem de crescer as receitas — alerta Somoggi.