Guto Ferreira caiu. Como caíram Antônio Carlos Zago, Celso Roth, Argel, Diego Aguirre, Fernandão, Dorival Júnior e tantos outros nestes últimos anos. Só Abel Braga, em 2006 e 2014, e Muricy Ramalho, em 2003 e 2005, começaram e fecharam uma temporada no Beira-Rio. O cargo de técnico do Inter é um assento ejetor. Ao mínimo desequilíbrio, o ocupante voa.
Guto caiu porque não conseguiu melhorar e fazer evoluir a própria obra. Ajustou o time, encaixou as peças no modelo tático, mas estagnou nisso. A pergunta que fica é se o problema do Inter era só Guto. Acho que não. Porque, nos últimos tempos, só dois técnicos sobreviveram ao vestiário do Beira-Rio.
Nesta temporada, mesmo descontadas todas as dificuldades de reconstrução de um grupo e do aspecto emocional do contexto todo do clube, é inadmissível ver um futebol tão precário. Não pode o Inter sofrer para empatar com o Luverdense e patinar em casa com CRB e Vila Nova. Tem a parcela de culpa do técnico. Mas tem muito também dos jogadores. Há nomes que estão abaixo, e não é de hoje. Rodrigo Dourado voltou mal. Edenilson tem energia de sobra e acabamento de menos. Uendel nunca sobe a temperatura além do morno. Sasha se embrenha nas próprias dificuldades. Camilo e Nico parecem ter desanimado depois de perceberem que não seriam titulares diante do modelo tático adotado.
O Inter espera que D'Alessandro resolva tudo sozinho. E, aos 36 anos, ele depende mais do que nunca do conjunto.
Talvez esteja em não ter conseguido criar esse conjunto a grande falha de Guto. Mas não podemos nos esquecer de que ele é só mais um técnico nos últimos anos a sair antes do final do ano. Por isso, fica a pergunta: o problema é só treinador?