Semana passada, uma motorista de aplicativo perguntou em quem eu iria votar na eleição de Porto Alegre. Assim mesmo, bem direta. Educadamente, respondi que não iria respondê-la. Então, fez-me ouvir um discurso acalorado sobre quem ela acreditava que deveria ganhar. De forma constrangedora, insistia em saber o meu voto. Tentei explicar o óbvio: que ninguém é obrigado a revelar isso. Além disso, justifiquei minha posição de jornalista, minhas atribuições no trabalho e como tudo isso reforçava a ideia de que o voto é secreto.
Eu deveria ter encerrado a conversa por ali, mas decidi, sucintamente, explicar o ponto de vista de cada um dos lados e os motivos que levariam eleitores a votar nesta ou naquela candidatura. Em vão — estava tomada pelo radicalismo.
Menos mal que, entre os próprios candidatos, a civilidade se destacou, mesmo após os debates mais tensos nos últimos dias. Melo e Maria se cumprimentaram nos discursos da vitória e da derrota. Agora, cabe a nós, especialmente à imprensa, o papel de fiscalizar e cobrar.
Ao prefeito reeleito, digo: proteja nossa cidade. Cumpra o que está escrito no seu programa de governo. Por mais forte que seja a chuva, não podemos ver se repetir o terror que vivemos com a cidade inundada. Entre as propostas, o senhor disse que as casas de bomba irão contar com fonte de energia exclusiva, estrutura para receber gerador, vedação contra alagamentos e elevação do motor. No documento protocolado na Justiça Eleitoral, está o compromisso em instalar novas comportas. Elas não podem mais vazar, Melo.
Sobre o ensino, prefeito, é inaceitável termos um desempenho tão ruim no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Que o tal pacto anunciado por você não se perca nos discursos.
Ninguém força ninguém a ser candidato. Ambos desejaram muito este cargo e garantiram ser possível fazer aquilo que prometeram. Cumpra o que se propôs ao longo da campanha, Melo.
A eleição terminou e, como o próprio prefeito reeleito disse, não há terceiro turno. Sem radicalismos, celebremos a serenidade e o respeito de quem perdeu e de quem ganhou. Mas, acima de tudo, que sigamos cobrando para que tenhamos uma cidade melhor.