Foi meu amigo Paulo Germano quem, astutamente, fez a melhor pergunta ao doutor Stephen Stefani, nosso convidado do programa Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, naquela quinta-feira. Queria o PG saber de um renomado oncologista (que, por óbvio, convive com pacientes que recebem diagnósticos duros) quais são as reflexões mais presentes quando a vida está por um fio.
O que nos mantém saudáveis e felizes são os nossos relacionamentos
Vou reproduzir aqui a pergunta, caso minha explicação não tenha ficado lá essas coisas:
– O senhor convive com pacientes que estão prestes a morrer. O que percebe no tom da fala dessas pessoas, nessa reta final, como “aquilo que realmente valeu a pena”?
O Dr. Stephani não precisou pensar duas vezes. E para apresentar sua resposta evocou, antes, um estudo conduzido pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Contou-nos que esse trabalho colheu relatos de centenas de pessoas, 724 para ser mais exata – algo significativo. Contudo, o grande diferencial da pesquisa foi a duração dela. Foram 75 anos perguntando aos participantes sobre suas vidas, seus trabalhos, suas famílias, para captar percepções diversas, de diferentes períodos da vida. Até hoje, é conhecido como o mais longo estudo científico sobre felicidade da história. E o que, afinal, os pesquisadores descobriram?
O que nos mantém saudáveis e felizes são os nossos relacionamentos. Um casamento legal, poderíamos imaginar. Mas vai além. É sobre ter amigos que dividam lutas e sonhos, uma mão estendida em um momento difícil, alguém para rir dos dissabores da rotina. Boas relações, constataram os pesquisadores, ajudam a reduzir os níveis de estresse e também influenciam na maneira como lidamos com dificuldades e situações desafiadoras.
– Pessoas socialmente conectadas à família, aos amigos, à comunidade são mais felizes e saudáveis do que pessoas bem menos relacionadas. A descoberta surpreendente é que nossos relacionamentos, e quão felizes somos neles, têm uma influência poderosa em nossa saúde – concluiu Robert Waldinger, diretor do estudo.
Ainda no estúdio, olhando para o PG, Dr. Stefani completou:
– Ninguém chega ao final da vida e me diz: “Doutor, eu gostaria de ter comprado aquele carro”. O que eu ouço é: “Doutor, eu queria ter passado mais tempo com minha esposa, eu queria ter ido àquela festa, eu teria escolhido ficar mais tempo com meus amigos”.
A chave para a felicidade, portanto, passa por nós todos os dias. E é incrível descobrir que esteja tão ali, ao nosso alcance.