O medo mais assustador para uma mãe assombrou a mulher que temia que algo pudesse acontecer para seus quatro filhos, que estavam há aproximadamente quatro dias com o pai.
— Eles têm uma desavença — explicou o delegado de polícia Augusto Zenon sobre o relacionamento entre aquele homem e aquela mulher, moradores do município de Alvorada, na Região Metropolitana.
As crianças moravam com a mãe, mas estavam na casa da avó paterna, onde vivia o pai. Eram três meninas e um menino.
Das meninas, uma pequena, de três aninhos, outra de seis e uma um pouquinho maior, de 11 anos de idade. O menino tinha oito anos. Que sonhos teriam? Quais personagens gostavam? O que será que gostavam de fazer quando estavam juntas? Será que já tinham escrito cartinhas para o Papai Noel?
Nenhuma dessas perguntas poderá ser respondida por alguma delas. As quatro crianças foram assassinadas, e os indefesos corpos localizados pela polícia na noite desta terça-feira (13), na Rua Hermes Pereira de Souza, no bairro Piratini, em uma pequena casa de madeira.
A mais nova teria morrido asfixiada, já as demais, esfaqueadas. O quanto de dor sofreram, meu Deus?
O delegado Edimar Machado, titular da Delegacia de Homicídios de Alvorada, contou à Rádio Gaúcha, no programa Gaúcha Atualidade, que em tanto tempo de polícia não havia se deparado com um caso tão dolorido. Quatro vidas inocentes interrompidas. Os corpos das crianças, pelo estado que se encontravam, davam sinais de que o crime havia ocorrido há pelo menos 12 ou até 24 horas. O suspeito? Sim, próprio pai.
E, aqui, a dor daquela mãe que não terá mais nenhum de seus quatro filhos fica ainda mais forte no peito de quem lê a notícia: o pai o teria feito por "vingança", por "desavenças" com a ex-companheira. Como relata a reportagem de GZH, ele levou as crianças para a residência dele no final de semana, mas teria se recusado a deixar os quatro retornarem para a casa da ex-companheira na segunda-feira (12).
Ao buscar os filhos nesta terça, a mãe, então, deparou com as mortes.
— A motivação decorreu em razão de desavenças com a ex-companheira. Como forma de causar mal, vingança — afirmou o delegado Augusto Zenon.
São muitos os assombros que essa notícia me causa. Mas o que, afinal, pode fazer com que um homem se sinta autorizado a provocar tal dor em uma mulher? O quão perversa e desumana é a mente de um ser que se sente no direito de deixar uma mãe órfã de seus quatro filhos, com o objetivo de vê-la sofrer? Que ser é esse que tira a vida de quatro crianças — seus próprios filhos — por que deseja se vingar de alguém cujo relacionamento não deu certo? Até quando permitiremos?
Ainda conforme as investigações, a mãe já tinha registrado medida contra ele. Certamente, por episódios violentos. Por que é, então, que havia permissão para que se aproximasse dela, ou mesmo dos filhos? É absolutamente triste e desestimulante ser mulher (e ser mãe) diante dos recorrentes relatos de violência praticados contra nós, diariamente. Quantas mais precisarão passar por isso? De quantas de nós ainda tirarão a vida?
Falhamos todos.