A política é algo que tira a paz dos brasileiros há algum tempo. São conchavos, esquemas, distribuição de cargos sem critérios relevantes, desvios... Tantos são os escândalos que nos fazem perder a fé sobre a real transformação da sociedade através dos representantes que elegemos para o Executivo e o Legislativo. Mas há esperança. E cito como exemplo um projeto de lei que começou a ser executado aqui no Rio Grande do Sul.
Nesta quarta-feira, o governo do Estado assinou o contrato para aquisição de tornozeleiras eletrônicas que permitirão o monitoramento de agressores de mulheres. Os equipamentos emitirão alertas de aproximação para as vítimas por meio de um aplicativo em um celular exclusivo, ajudando a prevenir feminicídios.
"Esta notícia foi uma das melhores que ouvi nos últimos tempos. Lindo pioneirismo", me escreveu uma amiga ao ouvir sobre a iniciativa em uma entrevista que conduzimos, eu e o colega Paulo Germano, no Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha. Quem conversava conosco na ocasião era o coordenador do Programa RS Seguro, delegado Antônio Carlos Pacheco Padilha, explicando que a medida é absolutamente inovadora em relação ao que já é feito no Brasil e no Exterior.
E como vai funcionar? Como relataram os repórteres Kathlyn Moreira e Bruno Pancot em GZH, será através de um software desenvolvido especialmente para essa função. A partir dele, será possível saber se o agressor invadiu o perímetro de distanciamento da mulher e um alerta será gerado para uma central de monitoramento, que será acompanhada pela Brigada Militar, mas poderá ser utilizada também pela Polícia Civil.
Vale o nosso aplauso porque é mais um passo na direção da proteção a milhares de mulheres, já que os números sobre feminicídios insistem em permanecer assustadoramente altos no Brasil. Quando o poder público executa uma política que protege sua população toda a sociedade sai vencedora. É nessa política que queremos acreditar.
E há um outro aspecto a ser destacado. O projeto acima destacado foi criado por um deputado estadual do PT (Edegar Pretto), mas a política foi e está sendo executada por um governo tucano (Ranolfo Vieira Jr). Não houve ranço partidário ou ideológico. Falou mais alto o interesse público, o dever constitucional de proteção e garantia de dignidade para cada indivíduo. E é assim que precisa ser.