O ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, não economizou nas críticas ao se referir ao novo partido que surgirá da fusão de DEM e PSL, aprovada em convenção esta semana em Brasília. À coluna, Onyx criticou a ausência de uma posição clara quanto à doutrina e ideologia do grupo.
Ele interpreta que esta lacuna poderá indicar, na verdade, uma posição "em cima do muro" para um eventual apoio à reeleição de Jair Bolsonaro em 2022.
Onyx votou contra a fusão dos partidos. Na última quarta-feira, DEM e o PSL aprovaram o agrupamento. Com isso, o novo partido deverá passará a se chamar União Brasil e o número será o 44.
— Qual é a posição doutrinária ideológica do partido? Ninguém sabe explicar. O partido vai ter candidato próprio ao presidente? O partido vai liberar os Estados (na eleição de 2022)? Ou o partido vai apoiar a candidatura do presidente Jair Bolsonaro que, para nós bolsonaristas, é fundamental? No ano que vem, haverá um debate muito intenso no Brasil. Teremos, sim, uma discussão sobre dois modelos de gestão para o país. De um lado, o país que vem dando certo, que o presidente Bolsonaro comanda e que se contrapõe a uma esquerda corrupta, uma esquerda que trouxe tanta infelicidade para o Brasil nos anos em que o país foi governado pelo PT, com os escândalos do mensalão e do petrolão — opinou.
Para Onyx, a eleição de 2022 é "uma eleição que não tem lugar para o muro". Ele diz que os partidos precisarão, portanto, se posicionar, até como forma de resposta ao que chamou de "movimento de direita que nasceu forte em 2018".
— Eu fico muito preocupado que esse partido resolva ter uma atitude como um "tucanato da direita" ou seja aquele partido que fica em cima do muro, que não desce do muro e que não responde aquilo que o eleitorado quer. Nós queremos um outro caminho para o Brasil e para o Rio Grande, que me parece distante daqui que a cúpula do União Brasil quer — completou.
Em tempo: a expressão "tucanar" é utilizada como uma metáfora, no sentido que o novo partido configuraria uma direita "suavizada".
Além da decisão tomada em convenção, o Tribunal Superior Eleitoral ainda precisa aprovar a nova sigla para que ela se realize de fato. A cúpula do DEM projeta em torno de três meses para que o caso seja analisado pelos ministros do TSE.