Quando a pandemia de coronavírus paralisou as atividades no planeta na virada de 2019 para 2020, deixando marcas e ausências que serão lembradas por gerações, iniciava-se ali também a corrida da parte de cientistas e pesquisadores do mundo inteiro em busca de uma vacina que pudesse controlar o vírus da covid-19. O desejo mundial pelo imunizante, contudo, não se configurava absoluto.
Houve, naquele momento (e, pasme, até hoje), quem duvidasse da segurança e da eficácia das vacinas para proteger a população. Nada de novo no front, aliás. O movimento antivacina já havia dado as caras em diferentes redes sociais, muito antes do início da pandemia em Wuhan. O grupo é heterogêneo. Inclui desde políticos a celebridades, passando por atletas e pseudocientistas de WhatsApp.
O movimento, observa-se, não apenas nega a proteção oferecida pelas vacinas, mas faz questão de difundir que os imunizantes colocam em risco a saúde da população.
Em que pese a postura divergente, os estudos avançaram. No Brasil, a primeira vacina contra a covid-19 foi, finalmente, aplicada no Brasil em 17 de janeiro de 2021. Hoje, oito meses depois, a vacinação está ocorrendo de vento em popa.
E mais, a se considerar os números anunciados pela prefeitura de Porto Alegre, há uma realidade a ser comemorada: o movimento antivacina, ainda bem, fracassou.
A partir dos esforços do governo federal e do Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, os imunizantes estão sendo distribuídos aos Estados e aplicados no braço de milhões de brasileiros.
Em Porto Alegre, dados divulgados pelo vice-prefeito da Capital, Ricardo Gomes, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (15), mostram que até ontem, às 15h, 95% da população vacinável na Capital já havia recebido pelo menos a primeira dose do imunizante contra a covid-19. Em números absolutos, receberam a dose 1 ou a dose única: 1.072.521 pessoas.
Se analisarmos como recorte os porto-alegrenses que não estão no Cadastro Único (uma espécie de cadastro com dados de pessoas em situação de vulnerabilidade para programas de distribuição de renda), somente 2% não se vacinaram. Já entre os cidadãos que estão no Cadastro Único (152,7 mil pessoas), o percentual de pessoas aptas e que ainda não foi imunizada é mais alto: 25%.
Ciente desta realidade, a prefeitura está organizando uma série de ações para fazer chegar o imunizante aos mais vulneráveis. Além de descentralizar a oferta das vacinas, levando a Unidade Móvel da Saúde para centros sociais e escolas de samba, por exemplo, há outros planos que começarão a ser aplicados.
Um deles prevê o Dia Nacional da Multivacinação, em 2 de outubro, quando bairros prioritários contarão com linhas circulares de ônibus gratuito, que irão levar os moradores aos pontos de vacinação. Outra novidade será a disponibilização de uma nova unidade no Mercado Público, no Largo Glênio Peres (local de grande circulação de pessoas). O funcionamento ocorrerá nesta quinta e sexta, das 9h às 17h. A partir de semana que vem, das 13h às 19h.
Há esperança, apesar de tudo.