É da excelente Adriana Irion a reportagem de Zero Hora desta sexta-feira (27) que nos apresenta a primeira mulher a comandar a Cadeia Pública de Porto Alegre, que a gente conhece mesmo por Presídio Central.
Natural de Venâncio Aires, a major Ana Maria Hermes não esmorece para o desafio e diz à repórter a que veio: quer profissionalizar os presos, oferecendo oportunidades de cursos em todas as áreas.
Parece altruísmo se observado com má vontade, mas se trata de política pública das mais relevantes se considerarmos que os dilemas da segurança pública precisam ser enfrentados sob diferentes perspectivas.
Ao privar pessoas de liberdade, o Estado (poder público) usualmente não costuma pensar no depois e o resultado é que muitos são os que, soltos, reincidem nos delitos.
— Vou envidar todos os esforços e preciso que a sociedade civil me ajude para que eles não saiam daqui com as mãos vazias. Quero oficinas, coisas curtas, pois lidamos com presos provisórios, tem rodízio grande. Tem que ser rápido, resumido. Temos espaços aqui que podem ser aproveitados, uma cozinha com boa estrutura. Penso em oficinas de gastronomia, massas, carnes, curso de eletricista, mecânica, construção civil, temos jardim para treinar — afirmou à repórter.
Ana Maria explicou ainda que a visão não exclui a execução da sentença. E vê além: é "preciso dar para aqueles que querem uma oportunidade para que seja diferente quando saírem daqui".
— É o maior desafio do sistema prisional brasileiro. É meu grande projeto para a Cadeia Pública de Porto Alegre.
Trata-se de um sopro de esperança diante da violência a que estamos expostos, e dos números que mostram que ainda estamos longe de vencer a guerra contra o crime, a despeito do trabalho incansável dos bravos trabalhadores da Brigada Militar e da Polícia Civil — esta, aliás, também chefiada por uma mulher no Rio Grande do Sul.
Ao propor uma abordagem ampla, Ana Maria nos convida, enquanto sociedade, a também fazer parte da solução para o problema.
Que soprem os bons ventos da transformação.