Ficou para esta terça-feira (16) a resposta do governador Eduardo Leite (PSDB) aos prefeitos de regiões gaúchas que foram classificadas com bandeira vermelha na última atualização do modelo de distanciamento controlado, aplicado pelo Executivo como forma de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. E ela precisa ser acompanhada com atenção. Isso porque o momento pede rigor quanto às medidas de contenção do avanço do vírus, ainda que os gestores municipais resistam, preocupados em especial com as restrições à atividade econômica.
Cobrado, Leite agiu com responsabilidade e se dispôs ao diálogo reivindicado pelos prefeitos. O governador passou a segunda-feira em reuniões que se estenderam até quase meia noite. Diante do adiantado da hora, o Piratini informou que voltaria a enfrentar o tema nesta terça-feira (16), quando a decisão então será comunicada.
É legítimo que os gestores municipais clamem por interlocução, precedente importante para a formulação de políticas públicas - em especial em um momento de incertezas geradas por uma doença de alcance global. Entretanto, a se considerar os números mais recentes da doença no Rio Grande do Sul, não parece prudente promover afrouxamento das regras. Aliás, preocupa o fato de representantes do poder público não considerarem este cenário.
Em Porto Alegre, o prefeito Nelson Marchezan marcha na direção contrária, projetando a adoção de medidas ainda mais restritivas caso persistam as projeções de crescimento dos casos de covid-19 na Capital. Não poderia ser diferente. Dados mais recentes de ocupação nas UTIs demonstram uma tendência de o número de casos graves dobrar a cada 15 dias. Se isso se mantiver, o teto de 174 leitos disponíveis sem necessidade de reorganizar o sistema de saúde municipal seria atingido por volta do dia 4 de julho.
Mais do que nunca o governador terá que agir de forma firme e prudente, sem se dobrar a pressões que, aliás, não são exclusividade do Rio Grande do Sul. A falta de um direcionamento por parte do governo federal e do Ministério da Saúde só contribui para este cenário em que todo mundo grita porque acha que tem razão.