O presidente da República, Jair Bolsonaro, anda um pouco esquecido nos últimos dias. Ao menos é o que tem mostrado o Diário Oficial. A nomeação do novo chefe de gabinete do Iphan, Marco Antonio Ferreira Delgado, não se apoia em critérios técnicos, reforçados pelo então candidato Bolsonaro em 2018 como norte para as decisões presidenciais dentro da linha de acabar com o "toma lá dá cá".
Delgado trabalhou com ninguém menos que Geddel Vieira Lima, preso e condenado após a descoberta de R$ 51 milhões num apartamento dele. Antes que o selo "e o PT" seja empunhado por aqui, cabe lembrar: Geddel ocupou postos-chave nos governos de Lula, Dilma e Michel Temer - neste último, com proximidade ainda maior ao núcleo presidencial.
É fato que o chefe do Poder Executivo precisa compor para governar. Bolsonaro foi criticado em diversas vezes por não dialogar com o Parlamento, o que é necessário para a construção de políticas públicas que tragam benefícios para a população. Contudo, articulação política não deve - ou não deveria - significar troca de cargos ou muito menos recursos por apoio político no Congresso. O julgamento do mensalão está aí para nos lembrar. E o presidente havia prometido fazer diferente, ou "acabar com isso daí".
Há poucos dias, o comando do FNDE, fundo com orçamento bilionário ligado ao Ministério da Educação, foi entregue a um apadrinhado de Valdemar Costa Neto, figura conhecida por figurar em escândalos que fizeram escorrer dinheiro dos cofres públicos. Em 2012, Valdemar foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a sete anos e dez meses de prisão e multa que passava de R$ 1 milhão em valores da época.
- Se é para aceitar indicações políticas, a raiz da ineficiência do Estado e da corrupção, aí fica difícil você apresentar uma proposta que possa realmente proporcionar dias melhores para a nossa população (...) Geralmente os grupos políticos loteiam esses cargos para se beneficiar - disse o mesmo Bolsonaro em 2017.
Pelo visto, o presidente está precisando refrescar a própria memória para se lembrar.