A possibilidade de retorno do futebol, em meio à gradual retomada de algumas atividades, virou assunto presente nos debates nos últimos dias. Há condições técnicas e sanitárias para isto? Quais os riscos de promovermos a volta das atividades de Grêmio, Inter e outros clubes durante a pandemia do novo coronavírus? A coluna foi atrás do governador Eduardo Leite (PSDB) para saber como o Estado está acompanhando esta questão. Na última terça-feira (28), a CBF sugeriu a volta dos campeonatos estaduais para o dia 17 de maio.
Primeiro ponto: não espere de Leite decisões sem embasamento técnico e científico. Desde o início da pandemia, o governador tem se cercado das mais diversas informações, dados, protocolos para adotar cada novo posicionamento. Daí a importância da pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pelotas, que observa com lupa a propagação do coronavírus no Estado. O chamado distanciamento controlado, que será adotado pelo Rio Grande do Sul nos próximos dias, é um plano milimetricamente desenhado pela equipe de Leite e que vem sendo elogiado país afora, inclusive pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.
Neste sentido, Leite quer ouvir a avaliação de dirigentes e representantes da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) para poder deliberar sobre o retorno das atividades.
- A reunião com a FGF vai me dar subsídio para entender se há alguma viabilidade (para o retorno do futebol) - explicou à coluna.
Mas emendou um ponto extremamente importante:
- De qualquer maneira, se houver, totalmente improvável que em curto espaço de tempo tenhamos liberação de torcidas - observou.
A liberação de torcidas promoveria uma aglomeração absolutamente contrária à recomendada por autoridades de saúde. Daí a negativa contundente sobre a possibilidade de retorno do futebol da maneira como estávamos acostumados, com estádios lotados. Ou seja, caso haja algum entendimento para retorno das atividades, é provável que todos os jogos ocorram com portões fechados como forma de não contribuir para o avanço da Covid-19.
Por fim, cabe observar que há um movimento forte pela retomada dos campeonatos estaduais, em especial por parte do governo federal e da CBF. A Federação Gaúcha de Futebol está em sintonia com esta visão tanto é que preparou uma série de estudos que demonstram a viabilidade do retorno dos clubes. Na capital do Estado, a visão é outra. À Rádio Gaúcha, neste domingo, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, fez questão de ressaltar que, pelos números avaliados, as competições só devem ser retomadas entre o final de 2020 e início de 2021 na Capital. A decisão, portanto, está nas mãos do governador.