O apresentador Pedro Bial teceu críticas à história contada pelo documentário Democracia em Vertigem, da brasileira Petra Costa, que está disponível no catálogo da plataforma Netflix e concorre na categoria de Melhor Documentário do Oscar este ano. Para Bial, Petra é uma "ótima cineasta", no entanto, escorregou na forma de contar a história do afastamento de Dilma Rousseff da presidência, como uma "ficção alucinada".
O jornalista, que atualmente ancora o programa Conversa com Bial, na TV Globo, disse que a história é narrada com um "non sequitur" atrás do outro — ou seja, quando há falta de conexão entre a premissa inicial e a conclusão sobre um episódio.
— Você cria uma relação de causa-consequência entre coisas que não tem a menor relação causal. O filme é todo assim. Vai contando as coisas, me desculpem a expressão, mas num pé com bunda danado — avaliou.
Bial reconhece que o filme traz a leitura de Petra sobre os fatos, e aponta uma leitura psicanalítica:
— É uma menina querendo dizer para a mamãe dela que ela fez "tudo direitinho", que ela está ali cumprindo as ordens de mamãe, a inspiração de mamãe. "Somos da esquerda, somos bons". "Nós não fizemos nada, nós não temos que fazer autocrítica". "Foram os maus do mercado, essa gente feia, homens brancos que nos machucaram, nos tiraram do poder". Porque o PT sempre foi maravilhoso e o Lula sempre foi incrível.
Sobre a forma como os episódios políticos são descritos no documentário, Bial classificou:
— Uma ficção alucinada. É mais do que maniqueísmo, uma mentira.
O jornalista, porém, disse que é um direito de Petra, como qualquer outro documentarista, contar a história a partir do seu ponto de vista:
— Ela tem todo o direito de fazer, de contar essa história. Apesar daquela narração miada, insuportável, que ela fica choramingando o filme inteiro. É um filme bom no sentido de realização. (...) Para ser um documentário, tem que ter um autor. E tendo essa autoria ele não tem que ter compromisso com o senso comum ou com uma visão já estabelecida. É a visão do autor. Viver a experiencia através dos olhos deste realizador. De documentário não se deve exigir informação ou objetividade, o que se espera é uma experiência. Eu reagi as gargalhadas, outros podem reagir com raiva.
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