A jornalista Raíssa de Avila colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço
Ancorada na preservação da cultura local e nas raízes da colonização italiana no Rio Grande do Sul, está em discussão uma nova alternativa de turismo religioso na Serra - segmento em ascensão no Estado.
Com percurso de 806 quilômetros, a Rota dos Capitéis - Caminhos da imigração e da fé tem à frente o Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Bento Gonçalves. A ideia surgiu a partir de três livros, que descrevem capitéis, capelas, igrejas e grutas da região: Perto das Estrelas, de Angela Peretti, Edi Debenetti e Mônica Farias, Amém, Bento Gonçalves e O livro do Capitel, ambos de Fabiano Mazzotti.
Até agora, dez municípios (Bento, Boa Vista do Sul, Carlos Barbosa, Coronel Pilar, Farroupilha, Garibaldi, Imigrante, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza) sinalizaram à entidade o interesse em participar da iniciativa, ainda em fase inicial.
A intenção é padronizar e sinalizar trajetos sob a coordenação da CIC e, onde for necessário, mobilizar as prefeituras por melhorias viárias para receber os visitantes, de olho em atividades como peregrinações, cavalgadas e cicloturismo.
— Queremos fomentar o Interior como modelo de negócio e fortalecer a região economicamente. Acreditamos que, para empreender, não precisamos estar em grandes centros — ressalta Marijane Paese, presidente da CIC Bento Gonçalves.
Os capitéis
São pequenas construções de inspiração católica (como na foto acima), fruto a fé das comunidades que se originaram da imigração italiana no sul do Brasil. Hoje, integram o patrimônio cultural da região e chamam atenção, inclusive, pelo interesse turístico.
Um exemplo é o Caminho dos Capitéis, com 40 locais do tipo em Nova Palma, na Quarta Colônia, localizada na região central do Estado.
Curiosidades
Como a construção de capitéis não precisava de autorização formal da igreja, alguns locais da nova rota na Serra carregam histórias curiosas. Muitos nasceram de promessas ligadas a causas “impossíveis” (como casamentos indesejados).
— Um dos capitéis, por exemplo, foi construído por um pai que prometeu fazer a obra, caso a filha desistisse de se casar com um pretendente — conta Marijane.