Começou em alto nível, sem ataques e bate-boca, a disputa pelo governo do Rio Grande do Sul no primeiro dia da campanha eleitoral de 2022 - que promete ser a mais acirrada, virulenta e tensa das últimas décadas no Brasil. Mantendo a tradição, a Rádio Gaúcha abriu a discussão entre os candidatos a governador, que protagonizaram um debate marcado pela civilidade.
Em tempos de intolerância e agressividade fora do controle, o confronto de ideias mediado com segurança e tranquilidade pela jornalista Andressa Xavier, na manhã desta terça-feira (16), na RBS TV, em Porto Alegre, surpreendeu por algo que deveria ser a regra: os participantes não baixaram o nível em nenhum momento, não houve afronta moral ou coisa que o valha, nem mesmo tom de voz elevado ou o corriqueiro “pedido de direito de resposta” - usado sempre que alguém se sente pessoalmente ofendido.
Pode parecer bobagem, mas, considerando o clima bélico na política brasileira, não dá para negar que é um bom começo.
O que se viu foi uma primeira apresentação dos candidatos, ainda pisando em terreno movediço e medindo forças. Se nem todos responderam às perguntas de forma objetiva e consistente, o encontro serviu para o eleitor começar a saber o que cada um tem (ou não) a oferecer. E, é claro, exigir mais daqui para frente.
Vidraça
Como era de se esperar, o ex-governador Eduardo Leite - que apareceu à frente da pesquisa Ipec divulgada na última segunda-feira (15) - foi o alvo principal de críticas. Leite foi chamado repetidas vezes, de "o candidato que renunciou", por ter deixado o mandato antes do tempo. Curiosamente, os oponentes não bateram na tecla da "quebra de compromisso" do tucano, que está concorrendo à reeleição, mesmo tendo prometido que não faria isso.
O grande tema
Entre os temas tratados, o que mais se destacou foi o da educação. Talvez seja esse o grande mote da campanha em curso, a grande pergunta a ser respondida. Se um dia o Rio Grande do Sul foi modelo para o país, faz tempo que isso deixou de ser realidade - e a pandemia contribuiu para piorar a situação. Não dá para fingir que tudo vai bem.
O assunto, no entanto, foi debatido de forma superficial, longe do esperado. Cabe ao eleitorado, a partir de agora, exigir propostas claras, factíveis e que caibam no orçamento. Afinal, o Rio Grande que queremos depende disso.