Congestionamentos não são eliminados, só costumam mudar de lugar. A experiência que tenho em obras públicas de mobilidade fizeram eu identificar isso ao longo das últimas duas décadas.
As melhorias não são pensadas de forma a se pensar no todo. Com falta de recursos, os problemas são resolvidos pontualmente.
A BR-116 é a prova disso. Até 2011, a ponte sobre o Rio Gravataí era um verdadeiro gargalo entre Canoas e Porto Alegre. Quando houve a conclusão das obras, os motoristas começaram a passar mais rápido pela região, o que os fez parar em novos pontos de lentidão.
O mesmo ocorreu quando os viadutos entre Canoas e Novo Hamburgo foram sendo inaugurados, assim como a entrega da Rodovia do Parque, em 2013. Já lá naquela época se sabia que as pontes sobre o Rio dos Sinos seriam o novo gargalo da região, o que se comprovou ao longo da próxima década.
Com a tão sonhada conclusão das obras em São Leopoldo, que incluiu mais dois viadutos da BR-116 com a RS-240, os motoristas passarão a encontrar novos, ou nem tão novos, trechos que serão os próximos desafios de passagem. No sentido Interior-Capital, o movimento de chegada a Porto Alegre pela freeway e Avenida Castelo Branco ou pela região do aeroporto Salgado Filho serão turbinados, já que os veículos passarão a chegar com mais facilidade nestes locais.
No sentido Capital-Interior, a RS-240 poderá não absorver de forma tão imediata a quantidade de veículos que passará a chegar de forma mais imediata na rodovia. O mesmo vale para o trecho de pista simples da BR-116, a partir de Novo Hamburgo.
Cabe aos municípios impactados com os novos congestionamentos a intensificarem cobranças aos governos responsáveis pelas rodovias que serão os futuros gargalos. Até que outros pontos de lentidão sejam formados. Assim que a roda tem girado por aqui.